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13/May/2025

Agronegócio cauteloso sobre o acordo EUA-China

Apontado como um dos principais beneficiários do recrudescimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o agronegócio brasileiro tem preferido uma postura de cautela ao comentar o acordo sino-americano que suspende as tarifas sobre produtos por 90 dias. Nos bastidores, representantes do setor afirmam que é necessário esperar o eventual acordo e as negociações em andamento entre os países para aferir os impactos sobre o comércio entre Brasil e China. Mas há apreensão quanto à possibilidade de Estados Unidos e China firmarem eventual acordo recíproco ligado a commodities agrícolas. A avaliação de representantes do setor é de que até o momento o Brasil se beneficiou do redirecionamento da demanda chinesa por soja, com aumento das compras da oleaginosa brasileira pela China. Fontes do setor afirmam que essa demanda adicional chinesa tende a continuar até a entrada da safra norte-americana, já que o período atual é de entressafra nos Estados Unidos.

A China tende a continuar forte no apetite de compras no mercado. Para o presidente de uma entidade exportadora, é impossível dizer até quando a China poderá comprar do Brasil os volumes adicionais, mas deve continuar demandando o grão nacional. Além disso, apesar do acordo, produtos norte-americanos entrarão com tarifa adicional de 10% no mercado chinês, enquanto produtos brasileiros passam a aduana sem sobretaxa de importação. Isso mantém a competitividade da soja brasileira, caso o prêmio não suba expressivamente. O prêmio atual para exportação da soja brasileira está longe do teto visto em 2018, primeira etapa da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que chegou a US$ 70,00 por tonelada ante os atuais US$ 25,00 por tonelada. No setor de carnes, os efeitos vêm sendo limitados, com a Austrália ocupando a fatia de exportações norte-americana de carne bovina e maior reflexo no comércio de carne suína.

Não há impactos relevantes para a cadeia no momento com embarques adicionais para a China. Em contrapartida, há apreensão no setor quanto a um eventual acordo de compras de commodities entre Estados Unidos e China, o que foi sinalizado nesta segunda-feira (12/05) por autoridades norte-americanas. O receio de entidades do setor é de que a China venha a se comprometer com aumento de compras de produtos norte-americanos, como ocorreu em 2020, na primeira fase do acordo entre os países. Na ocasião, a China firmou compromisso de importar determinados valores por produtos específicos norte-americanos, caso das commodities. Esse é o pior cenário para o agronegócio brasileiro. Os Estados Unidos deixaram claro que estão considerando a possibilidade de acordo de compras e não descartam a possibilidade de compromissos nominais. É um desvio de comércio, forçando um mecanismo para caminhar para um acordo de compras.

A corrente de comércio entre Brasil e China cresceu muito na comparação de 2018. Um acordo de compras seria também uma forma de o presidente norte-americano, Donald Trump, acalmar os ânimos internos já que a guerra comercial entre Estados Unidos e China desagrada a parte dos agricultores norte-americanos. No governo brasileiro, a avaliação é de que guerras comerciais não devem ser comemoradas e que o acordo pode melhorar o ambiente do comércio internacional. Interlocutores do setor, nos bastidores, afirmam que embora possa haver algum desvio de comércio, a demanda seguirá firme para o Brasil e o relacionamento entre os países está em uma das suas melhores fases. A China é hoje o principal destino das exportações de produtos agropecuários do Brasil, perfazendo cerca de um terço dos embarques anuais do agronegócio brasileiro. As vendas de produtos agropecuários ao mercado chinês somaram US$ 49,7 bilhões em 2024, sobretudo do complexo soja, carnes, produtos florestais e algodão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.