12/May/2025
Um estudo conduzido pelo Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGVAgro), em parceria com a FGV Bioeconomia, indica que as cadeias de soja, milho e pecuária de corte podem reduzir em mais de 50% suas emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE) até 2050. A redução seria possível com a adoção de práticas como o Sistema de Plantio Direto (SPD), a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e a recuperação de pastagens degradadas. Na pecuária de corte (atividade com maior impacto absoluto), o cenário de referência projeta emissões líquidas de 744 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2050. A interrupção do desmatamento direto, prevista em um dos cenários simulados, poderia reduzir essas emissões em 27,8%. Com a incorporação de estratégias adicionais, como ILP e recuperação de pastagens, a mitigação pode chegar a 55,4%.
Os resultados evidenciam que a interrupção do desmatamento, aliada à expansão de práticas como o SPD, ILP e a recuperação de pastagens, apresenta elevado potencial para mitigar emissões líquidas. Para a soja, o estudo estima emissões líquidas de 23,4 MtCO2e no cenário base. A interrupção do desmatamento reduziria esse número em 20,9%, enquanto a combinação de SPD e ILP poderia resultar em uma queda de 51,7%. No caso do milho, o potencial de mitigação é ainda maior: partindo de 26,0 MtCO2e estimados para 2050, as emissões poderiam cair para 11,0 MtCO2e (uma redução de 57,7%) com a adoção combinada das boas práticas agrícolas. A publicação também destaca o papel estratégico do setor financeiro na transição para uma agropecuária de baixo carbono, ao incentivar práticas sustentáveis por meio de crédito e produtos verdes.
O texto ressalta ainda a importância de mecanismos robustos de monitoramento, reporte e verificação para garantir a integridade dos dados. A agropecuária brasileira foi responsável por 28% das emissões de GEE do País em 2023 (cerca de 631,2 MtCO2e), com a fermentação entérica do gado respondendo sozinha por 405,1 MtCO2e. Ainda assim, o setor é visto não apenas como emissor, mas como parte da solução. As atividades agropecuárias também têm o potencial de atuar como sumidouros líquidos de carbono, em referência à biomassa vegetal e ao carbono acumulado nos solos como vias para capturar emissões. Mesmo que a neutralização total das emissões ainda não tenha sido alcançada nos cenários simulados, o avanço nas estratégias de remoção indica caminhos promissores para metas mais ambiciosas de descarbonização. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.