09/May/2025
De acordo com dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) - Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta quinta-feira (08/05), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desigualdade de renda no Brasil desceu a um piso histórico em 2024, em meio ao mercado de trabalho aquecido e à manutenção de programas sociais pelo governo. O rendimento mensal real domiciliar per capita subiu a um recorde de R$ 2.020,00 alta de 4,7% em relação a 2023. A renda média real domiciliar per capita da metade mais pobre da população brasileira subiu 8,52% em 2024 ante 2023, para R$ 713,00 mensais, maior patamar da série histórica iniciada em 2012. Apesar da melhora, o resultado significa que cerca de 108,5 milhões de brasileiros sobreviveram com apenas R$ 23,77 por dia no ano passado.
Se considerados os 5% mais pobres no País, havia 10,9 milhões de pessoas que contavam com R$ 154,00 por mês por pessoa da família, valor também recorde histórico para essa fatia da população, embora ainda somente R$ 5,13 por dia. Apesar de baixo, o resultado significou um salto de 17,6% em relação a 2023. No extremo oposto, o grupo que reúne o 1% mais rico da população, o equivalente a 2,2 milhões de pessoas, teve renda per capita de R$ 21.767,00, uma leve alta de 0,9% em relação a 2023. Na comparação entre 2023 e 2024, nota-se que o aumento no rendimento médio ocorreu com maior intensidade no limite inferior da distribuição. Como consequência, houve redução na desigualdade. O índice de Gini do rendimento médio domiciliar per capita (indicador que mede a desigualdade de renda, numa escala de 0 a 1, em que, quanto mais perto de 1 o resultado, maior é a concentração de riqueza) recuou de 0,518 em 2023 para 0,506 em 2024, menor resultado da série histórica da pesquisa.
Na passagem de 2023 para 2024, o índice de Gini caiu em todas as regiões brasileiras, exceto na Região Sul, onde houve aumento na desigualdade. Considerando o rendimento domiciliar per capita, o 1% mais rico da população recebia em 2024 o equivalente a 36,2 vezes o rendimento dos 40% com menor renda, a menor distância da série histórica. Já os 10% da população com rendimentos mais elevados recebiam o equivalente a 13,4 vezes o rendimento dos 40% da população com os menores rendimentos em 2024, também a menor razão da série histórica, que teve como pico de desigualdade o ano de 2018, quando essa distância era de 17,1 vezes. O Brasil é inegavelmente bastante desigual, mas houve melhoria nessa distribuição de renda. A renda do trabalho ajudou a levar a desigualdade para o menor patamar, mas é importante destacar que os programas sociais também tiveram um efeito importante.
Quanto às grandes regiões, a renda média domiciliar per capita foi menor na Região Nordeste, R$ 1.319,00 e maior na Região Sul, R$ 2.499,00. Entre as Unidades da Federação, o Distrito Federal tinha o maior resultado do País, R$ 3.276,00, seguido por São Paulo (R$ 2.588,00) e Santa Catarina (R$ 2.544,00). Os menores valores foram registrados no Maranhão (R$ 1.078,00), Ceará (R$ 1.210,00) e Amazonas (R$ 1.231,00). O mercado de trabalho que beneficiou, sobretudo, as classes de menor renda. As Regiões Norte e o Nordeste têm peso importante dos programas sociais, embora o mercado de trabalho no Nordeste tenha tido peso e beneficiado a região nesse último ano. Em 2024, a massa de rendimento mensal domiciliar per capita de todas as fontes totalizou um recorde de R$ 438,3 bilhões, aumento de 5,4% ante 2023. Em relação a 2019, no pré-pandemia de Covid-19, a alta foi de 15,0%. A Região Sudeste concentrou quase metade da massa de renda, 49,6%, R$ 217,4 bilhões.
A Região Sul detinha R$ 77,3 bilhões; a Região Nordeste, R$ 76,9 bilhões; a Região Centro-Oeste, R$ 40,0 bilhões; e a Região Norte, R$ 26,7 bilhões. Houve ainda redução de concentração da massa de renda nas mãos dos mais ricos em relação a 2023. Porém, os 10% da população com maiores rendimentos ainda abocanhavam 39,8% de toda a massa de renda do País, fatia superior à dos 70% da população mais pobre (cuja participação somada na massa era de 33,3%). O grupo de 10% mais pobres tinha uma fatia de apenas 1,2% da massa de renda. O mercado de trabalho aquecido ajudou a aumentar o número de brasileiros com algum tipo de renda para um recorde de 143,4 milhões de pessoas em 2024. A população com rendimento habitual do trabalho subiu a um auge de 101,9 milhões, enquanto a população recebendo aposentadoria e pensão somou um ápice de 29,2 milhões. Os beneficiários de programas sociais do governo avançaram de 18,6 milhões em 2023 para 20,1 milhões em 2024, patamar ainda longe do pico de 27,5 milhões atingido em 2020, na pandemia de Covid-19.
Considerando as pessoas com alguma renda, o rendimento médio de todas as fontes subiu 2,9% ante 2023, a R$ 3.057,00 em 2024, o máximo da série histórica iniciada em 2012. O rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos também foi recorde, R$ 3.225,00 alta de 3,7%. O valor médio do rendimento de outras fontes teve leve queda de 0,1% em relação ao ano anterior, para R$ 1.915,00. Na renda de outras fontes, a categoria aposentadoria e pensão manteve o maior valor médio em 2024, R$ 2.528,00; o de programas sociais do governo foi de R$ 836,00; o de aluguel e arrendamento, R$ 2.159,00; pensão alimentícia e mesada, R$ 771,00; e demais rendimentos, como seguro-desemprego, aplicações financeiras e bolsas de estudos, R$ 2.135,00. Com mais pessoas trabalhando e salários com ganhos reais, a participação do rendimento do trabalho na composição do rendimento domiciliar per capita cresceu de 74,2% em 2023 para 74,9% em 2024.
Os demais 25,1% eram provenientes de outras fontes, entre elas aposentadoria e pensão (16,8%), aluguel e arrendamento (1,9%), pensão alimentícia, doação e mesada (0,8%), programas sociais do governo (3,8%) e outros rendimentos (1,6%). A participação dos programas sociais no rendimento domiciliar per capita teve leve aumento de 3,7% em 2023 para 3,8% em 2024. Houve alta em programas sociais, mas não é Bolsa Família. Observa-se, principalmente, uma variação positiva do BPC-LOAS e de outros programas sociais. A proporção de domicílios com algum beneficiário do programa Bolsa-Família recuou de 19,0% em 2023 para 18,7% em 2024, mas a fatia de lares com beneficiário do BPC-LOAS aumentou de 4,2% para 5,0% no período, maior percentual da série histórica iniciada em 2012. O percentual de domicílios que recebiam rendimentos de outros programas sociais aumentou de 1,4% em 2023 para 2,1% em 2024.
O IBGE ressaltou que o rendimento médio domiciliar per capita dos domicílios que recebiam o Bolsa Família era de R$ 717,00 em 2024, o equivalente a menos de 30% do rendimento médio de R$ 2.424,00 registrado pelos domicílios não beneficiados. O indicador é importante para aferir que a destinação de recursos está beneficiando as famílias mais vulneráveis, público-alvo do programa de transferência de renda. Em 2024, os Estados das Regiões Norte e Nordeste mantiveram as maiores proporções de domicílios com beneficiários dos dois principais programas sociais, enquanto os da Região Sul tinham as menores proporções de lares beneficiados. Enquanto o Maranhão tinha 41,3% das casas com algum beneficiário do Bolsa Família em 2024, essa fatia descia a 4,4% em Santa Catarina. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.