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07/May/2025

Brasil: fornecedor estratégico de produtos agrícolas

Segundo a Agroconsult, o Brasil tem diante de si uma chance de consolidar sua posição como fornecedor estratégico de produtos agrícolas no mercado internacional, diante dos desdobramentos da atual crise comercial entre Estados Unidos e China. Há oportunidades para que o agronegócio brasileiro avance em novas frentes, além da simples substituição de exportações. O País pode ter um benefício pontual com o aumento de tarifas sobre produtos norte-americanos, especialmente se essa sobretaxa se mantiver até a entrada da próxima safra dos Estados Unidos. Mas, o mais relevante é a oportunidade que se abre no longo prazo. O Brasil não pode ser apenas espectador ou beneficiário passivo.

Da última vez em que houve uma disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo, durante o primeiro governo de Donald Trump nos Estados Unidos, o Brasil foi um dos principais favorecidos com o redirecionamento da demanda chinesa. Agora, isso pode até se repetir, mas a China está mais bem preparada, com estoques formados e elevados de soja, milho e carnes. A China já redesenhou os canais de fornecimento para esse tipo de cenário. Apesar de um impacto positivo nos preços e prêmios pagos ao produtor brasileiro, esses efeitos devem ser temporários. O efeito imediato nas cadeias é positivo, mas talvez nem dure até o fim do ano.

O foco deve ser outro: o que importa é o que isso representa para o Brasil como fornecedor confiável, especialmente quando os Estados Unidos perdem confiança em parte dos seus clientes estratégicos. O País precisa aproveitar a conjuntura para avançar em negociações paralisadas, assim como buscar novos pactos que vão além da abertura de mercados. O País precisa de parcerias de longo prazo, que envolvam financiamento, investimento, estruturação de cadeias, tecnologia e até transição energética. O agronegócio brasileiro pode ser protagonista da reorganização global do comércio agrícola. É uma oportunidade que está acima de governos e ideologias. Trata-se de uma questão estratégica para o País, e que exige articulação imediata.

Ainda, a crise de rentabilidade na agricultura dos Estados Unidos abre uma janela de oportunidade para o Brasil se consolidar como protagonista no cenário global de segurança alimentar e ambiental. Os produtores norte-americanos enfrentam hoje uma combinação de custos altos, juros elevados e perda de apoio institucional. Os Estados Unidos, principal adversário do Brasil nos mercados internacionais, está em uma situação pior do que os produtores do País. Além dos Estados Unidos, o Canadá tem enfrentado desafios semelhantes. Sofre com custos altos e preços reprimidos. Isso fragiliza os concorrentes brasileiros.

Nesse cenário, o Brasil deve assumir um papel mais ativo na construção das novas regras do comércio global. O Brasil precisa ter protagonismo na narrativa da sustentabilidade. A contribuição do agro brasileiro para os desafios das mudanças climáticas é significativa, desde que o País assuma essa narrativa e não fique apenas respondendo passivamente às regras impostas por outros países. Ainda há tempo para o Brasil estabelecer acordos com parceiros estratégicos, especialmente na Ásia. Com a Europa, talvez já tenha perdido o timing, mas com a Ásia ainda dá tempo de construir regras que sejam interessantes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.