07/May/2025
Brasil e Angola buscam estreitar relações para além dos laços culturais e da língua portuguesa que une os dois países e dos US$ 347 milhões provenientes de exportações do agro brasileiro para o parceiro africano, principalmente carne bovina e açúcar, em 2024. A meta agora é transferir tecnologias aplicadas na agricultura e pecuária ao outro lado do Atlântico e apoiar a expansão da produção de alimentos no país africano, com o objetivo de atingir a autossuficiência nos próximos dez anos. Mas, não é apenas o conhecimento gerado no setor produtivo do Brasil que Angola busca. Angola quer que agricultores brasileiros invistam no país. Áreas mapeadas em ao menos quatro províncias podem ser concedidas a estrangeiros para cultivo de grãos e fibras e criação de animais. Uma missão de empresários brasileiros está em Angola nesta semana para reuniões com autoridades locais, empresas e produtores do país.
O foco é encontrar oportunidades de parcerias para atuação dos brasileiros no setor agrícola angolano. Segundo o Ministério da Agricultura e Florestas de Angola, a missão pretende familiarizar os empresários com a realidade agrícola e o potencial do país. Angola tem disponibilidade de áreas em várias regiões. São de 120 mil a 140 mil hectares. As áreas existem, mapeadas, além de outros corredores de desenvolvimento. O governo local lançou planos para fomentar a produção e atrair investidores com know-how, como os brasileiros. O país é deficitário na produção de trigo e arroz. A intenção é intensificar a produção dos principais produtos da cesta básica. Em raízes e tubérculos, a produção local é considerável, como de mandioca e batata-doce, de fruteiras também, como banana. Mas, em culturas como o arroz, há déficit. A produção é de 50 mil toneladas e a necessidade é da ordem de 300 mil a 350 mil toneladas.
Também há déficit em carnes. Angola importa muita carne de frango, pois não há criação de aves comerciais em larga escala. A produção de ovos tem crescido, mas ainda é tímida, até mesmo para atender à demanda dos programas de alimentação escolar. O processo de concessão das terras, porém, não é simples. Depende do aval de algumas instâncias do governo, desde lideranças tribais locais ao governador, e pode chegar ao presidente da República caso ultrapasse 10 mil hectares. São contratos que podem ser renovados e sem apresentação de grandes garantias reais. Atualmente, o preço do hectare de terra rural em Angola é baixo, mas não é possível adquirir áreas diretamente. O valor da terra será reajustado em breve, mesmo assim o processo pode ser atrativo. A operação de investimento demanda atenção dos produtores brasileiros. Não é possível dar fazendas no Brasil como garantia.
Os financiamentos oferecidos contemplam carência de três anos e até juros negativos, já que a inflação do país beira os 30% ao ano. Angola também não tem regras ambientais definidas. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participa de parte da viagem, antes de ir para a China e se juntar à comitiva presidencial. Cerca de 30 empresários brasileiros fazem parte da comitiva. Há oportunidades recíprocas para os dois países, com semelhança de clima, terra, água, oportunidades na agricultura tropical, disse Fávaro. Segundo ele, há avanços em protocolos e memorando assinados com Angola para viabilizar a presença de pesquisadores da Embrapa no país em breve. A missão irá percorrer 1,4 mil quilômetros para visitar fazendas em duas províncias do país, onde há grãos e pecuária de corte. Os empresários também visitarão ao menos três áreas já selecionadas pelo governo de Angola para implantação de projetos agrícolas. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.