07/May/2025
Especialistas em relações internacionais avaliam que a China está em posição de vantagem para negociar com os Estados Unidos após a guerra comercial aberta pelo presidente Donald Trump. A avaliação é a de que as barreiras levantadas por Donald Trump contribuíram para unir os chineses em um sentimento de nacionalismo, fazendo com que eles estejam dispostos a assumir os altos custos do enfrentamento com os Estados Unidos. Já o governo norte-americano está pressionado pelos impactos das medidas tarifárias nos mercados, na inflação e, por fim, na popularidade de Donald Trump, algo que terá um peso maior à medida que as eleições de meio de mandato se aproximarem. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) afirmou que nunca viu, nas interações com diplomatas e especialistas chineses, um discurso tão nacionalista como o de agora. Há disposição dos chineses em resistir e manter a unidade contra ameaças externas.
Apesar do custo econômico, a China vinha se preparando para um cenário assim tanto emocionalmente quanto economicamente. O presidente chinês, Xi Jinping, tem apoio político para o embate com Donald Trump, mesmo a um custo econômico elevado. Trump já foi obrigado a recuar e suspender as tarifas recíprocas, exceção à China, diante da reação negativa das bolsas ao tarifaço. O republicano deve perder ainda mais popularidade quando as tarifas forem repassadas ao consumidor. Ao contrário do que Trump disse, quem paga é o importador, não é o país estrangeiro. Já há uma preocupação de congressistas republicanos com o avanço do partido democrata nas eleições legislativas de meio de mandato, marcadas para novembro do ano que vem.
O argumento de Trump de que ‘é preciso sofrer um pouco agora’ parece não convencer a maioria dos eleitores norte-americanos. Trump já adotou uma retórica "muito defensiva", reconhecendo as dores das tarifas. Em função disso, a China possui hoje uma resiliência maior e está em situação vantajosa na negociação. Para Marcos Troyjo, especialista em relações internacionais e ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics, os Estados Unidos têm mais a perder no conflito com a China, principalmente porque a guerra comercial pega o país em conjuntura favorável. Hoje, nove das dez maiores empresas do mundo são norte-americanas.
Além disso, a renda per capita nos Estados Unidos é o dobro da zona do euro e o país voltou a aumentar a sua distância em relação ao tamanho da economia chinesa desde 2018. Comparativamente, os Estados Unidos têm mais a perder. Nesta terça-feira (06/05), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a China "não está fazendo negócios agora" e que se encontrará com representantes da potência asiática "no momento certo". O republicano afirmou que os norte-americanos "não estão perdendo nada" por não negociarem com os chineses. "A economia da China está sofrendo muito com a falta de comércio com os Estados Unidos", afirmou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.