07/May/2025
Há pouco tempo, qualquer pessoa podia vasculhar uma ampla gama de dados oficiais da China. Então, eles começaram a desaparecer. Medidas sobre vendas de terras, dados de investimento estrangeiro e indicadores de desemprego desapareceram nos últimos anos. Dados sobre cremações e um índice de confiança empresarial foram cortados. Até mesmo os relatórios oficiais de produção de molho de soja desapareceram. No total, as autoridades chinesas pararam de publicar centenas de dados antes usados por pesquisadores e investidores, de acordo com uma análise do Wall Street Journal. Na maioria dos casos, as autoridades chinesas não deram nenhuma justificativa para o cancelamento ou a retenção de dados. Mas os números ausentes surgiram enquanto a segunda maior economia do mundo cambaleava sob o peso do endividamento excessivo, um mercado imobiliário em declínio e outros problemas, estimulando esforços severos das autoridades para controlar a narrativa.
O Departamento Nacional de Estatísticas da China parou de publicar alguns números relacionados ao desemprego em áreas urbanas nos últimos anos. Depois que um usuário anônimo no site do departamento perguntou por que um desses dados havia desaparecido, o departamento respondeu apenas que o ministério que os fornecia parou de compartilhar os dados. O desaparecimento dos dados tornou mais difícil para as pessoas saberem o que está acontecendo na China em um momento crucial, com a guerra comercial com os Estados Unidos devendo atingir duramente a China e enfraquecer o crescimento global. A queda do comércio com os Estados Unidos já levou a paralisações na produção e cortes de empregos. Ter uma leitura real do crescimento da China sempre foi complicado. Muitos economistas questionam há muito tempo a confiabilidade dos principais dados do Produto Interno Bruto da China, e as preocupações se intensificaram recentemente.
Os números oficiais estimam o crescimento do PIB em 5% no ano passado e 5,2% em 2023, mas alguns estimam que o governo chinês exagerou seus números de 2% a 3%. Para obter o que consideram avaliações mais realistas do crescimento da China, economistas recorreram a fontes alternativas, como a receita de bilheteria de filmes, dados de satélite sobre a intensidade da iluminação noturna, as taxas de operação de fábricas de cimento e a geração de eletricidade por grandes empresas de energia. Alguns analisam dados de localização de serviços de mapeamento administrados por empresas privadas, como a gigante tecnológica chinesa Baidu, para avaliar a atividade empresarial. Um economista disse que tem avaliado a saúde do setor de serviços da China contando notícias sobre proprietários de academias e salões de beleza que fecham abruptamente e fogem da cidade com as mensalidades dos usuários. As dúvidas sobre os números do PIB da China remontam a anos.
O ex-primeiro-ministro chinês Li Keqiang disse ao embaixador dos Estados Unidos, em 2007, que os dados do PIB de uma província chinesa que ele governava na época eram "artificiais" e, portanto, não confiáveis, de acordo com um telegrama diplomático norte-americano vazado. Em vez disso, ele disse que monitorava o consumo de eletricidade, os volumes de frete ferroviário e os novos empréstimos bancários. Os números oficiais do PIB eram "apenas para referência". O crescimento oficial do PIB da China, de 5% em 2024, correspondeu exatamente à meta estabelecida pelo governo no ano anterior. Economistas, reservadamente, desconsideraram o número, com um deles afirmando que teria sido mais confiável se as autoridades tivessem divulgado um valor menor. Dados como vendas no varejo, atividade da construção civil e outros retrataram um cenário consideravelmente mais fraco. O Banco da Finlândia e a Capital Economics geralmente registram oscilações maiores no PIB do que as reportadas pela China, e suas estimativas são inferiores aos números oficiais nos últimos trimestres.
Em dezembro/2024, um proeminente economista chinês da estatal SDIC Securities, Gao Shanwen, afirmou em uma conferência nos Estados Unidos que o crescimento econômico da China "pode estar em torno de 2%" nos últimos anos, acrescentando: "Não sabemos o verdadeiro número do crescimento da China". O líder chinês, Xi Jinping, ordenou que Gao fosse disciplinado e ele foi proibido de falar publicamente por um período indeterminado. A Associação de Valores Mobiliários da China alertou as corretoras no final de dezembro para garantir que seus economistas "desempenhem um papel positivo" no aumento da confiança dos investidores. O departamento de estatísticas da China defendeu suas práticas de dados, afirmando que a qualidade dos dados melhorou ao longo dos anos e que tomou medidas para garantir a precisão e investigar qualquer má conduta durante a coleta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.