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24/Apr/2025

COP30: Agro é solução contra mudanças climáticas

O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que o Brasil pretende dar protagonismo ao setor agrícola durante a conferência climática que será realizada em Belém (PA), em novembro deste ano, mostrando seu papel para ajudar no combate às mudanças climáticas. A agricultura é um tema que o Brasil quer acentuar muito durante a COP30, declarou durante o evento “Rumo à COP 30: O Agronegócio e as Mudanças Climáticas”, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) nesta quarta-feira (23/04). A COP30 será uma oportunidade para o País mostrar como a produção agropecuária nacional pode ser parte da solução frente à crise climática.

Ele destacou que, apesar de a agricultura ser tradicionalmente tratada apenas como vítima das mudanças no clima, há espaço para um novo olhar. A agricultura tem de aparecer como um dos principais elementos, não apenas no que diz respeito às consequências das mudanças climáticas, mas também ao que ela pode trazer de positivo. O presidente da COP30 defendeu que o setor tem potencial de contribuir com soluções como, por exemplo, por meio da captura de carbono. Ele ressaltou que a conferência em Belém será uma vitrine para o papel do País na segurança alimentar e na transição para uma economia de baixo carbono. O Brasil é um grande exemplo para o mundo e é isso que deve ser mostrado.

Indicado pelo governo brasileiro para ser o “climate high-level champion” (campeão climático de alto nível) da COP30, o empresário Dan Ioschpe defendeu que o agronegócio tem papel estratégico no desenvolvimento socioeconômico do País e deve ser parte central da agenda climática. É difícil ter uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico no ambiente de sustentabilidade e de boas práticas que não contemple fortemente o agronegócio. A atuação do Brasil frente à emergência climática precisa combinar ações de mitigação com adaptação e resiliência. Isso não será possível sem alterar o atual modelo de desenvolvimento.

Vai ser muito difícil evitar grandes danos se não for alterado o padrão de desenvolvimento socioeconômico. A saída da renda média baixa para uma renda média mais elevada, com boa distribuição, talvez tenha impacto maior na adaptação e resiliência do que todas as ações que podem ser tomadas. O agronegócio já apresenta avanços importantes que podem ser compartilhados com o mundo. Como exemplo: biocombustíveis, práticas inovadoras na pecuária e o papel central da preservação das florestas. A agricultura produtiva que o Brasil pode oferecer ao mundo talvez não tenha paralelo. E os biocombustíveis, por exemplo, têm uma função muito importante nas soluções globais de energia.

Foi destacado, ainda, o potencial transformador dos mecanismos de crédito de carbono, mas sua eficácia depende da universalização. Quanto mais universalizado for, maior o impacto ele terá. É um mecanismo de ajuste entre aqueles que têm condição de contribuir mais e os que têm menos. Ioschpe fez ainda um apelo à ciência e à ambição coletiva para que o País aproveite o protagonismo na presidência da COP e avance com soluções concretas. O Brasil demanda uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico que passe pela sustentabilidade. E aqui nós pode-se expandir as cadeias de valor com base nesse modelo.

O deputado federal Arnaldo Jardim, vice-presidente da Federação Parlamentar Agropecuária (FPA), afirmou que três temas devem ser estratégicos durante os debates da COP30: a recuperação de áreas degradadas, a valorização dos biocombustíveis e o incentivo à manutenção das florestas em pé. Áreas degradadas que hoje são emissoras podem se transformar em absorvedoras de CO2. Ele destacou o potencial do Brasil para reverter passivos ambientais com ganhos para a agenda climática global. Essa frente de atuação pode diferenciar o País em relação a outras economias cujas emissões vêm, principalmente, do setor energético. Sobre os biocombustíveis, foi destacado o protagonismo do Brasil em iniciativas internacionais.

O mundo poderia caminhar nesse sentido também, fortalecendo o setor como parte da transição energética sustentável. No terceiro eixo, ressalta-se que as florestas em pé também precisam ter valor. É importante criar mecanismos que incentivem a conservação. O Brasil tem a oportunidade de transformar sua política ambiental em uma referência internacional. Há avanços recentes que mostram como o agro brasileiro se conjuga com a preservação, com o Código Florestal, a Lei dos Bioinsumos e a regulação dos pagamentos por serviços ambientais. O setor deve assumir um papel mais propositivo nas negociações climáticas. A COP não é da Amazônia, é uma COP do mundo que fala de florestas, mas também do ambiente urbano e dos desafios das mudanças climáticas.

A JBS afirmou ser viável que o Brasil alcance a meta de desmatamento zero, desde que os produtores recebam incentivos adequados para manter a vegetação em pé. Está muito claro que o desmatamento zero é possível, desde que o proprietário das áreas ainda passíveis de desmatamento tenha condições justas para optar por essa decisão. A JBS já adota a política de desmatamento zero no bioma amazônico, por entender, com base na ciência, que o ponto de não retorno na região já foi ultrapassado. Fora da Amazônia, a JBS defende o respeito ao Código Florestal, mas destaca que o desmatamento autorizado continua sendo uma ferramenta legal de produção, e que precisa competir com a pressão econômica. A empresa criticou a generalização do termo “desmatamento ilegal” e defendeu uma diferenciação entre o que é crime ambiental e o que poderia ter sido autorizado pelos Estados. Desmatamento ilegal é comando e controle, é fiscalização, é crime, é polícia.

Mas, o desmatamento que poderia ter sido autorizado, mas não foi porque o sistema é lento, não pode ser tratado da mesma forma. A chave para zerar o desmatamento está no uso de áreas já abertas e degradadas, que somam aproximadamente 40 milhões de hectares. Não parece muito difícil fazer essa conta. Por que não investir em áreas que já estão abertas? Desde 2009, a JBS monitora fornecedores diretos de gado para a companhia. Atualmente, mais de 80 mil fazendas são monitoradas, com cerca de 30 mil sendo analisadas anualmente. Mas os limites desse alcance diante das 7,2 milhões de propriedades rurais registradas no País. A urgência climática e a importância de soluções econômicas para evitar novos desmatamentos. O desmatamento zero é o que é necessário, do ponto de vista da ciência, para que a gente consiga chegar a 2050 podendo ainda habitar esse planeta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.