24/Apr/2025
Segundo a Capital Economics, o consumo interno de bens na China é cerca de dez vezes maior que as exportações para os Estados Unidos, mas isso não significa que o país conseguirá compensar com facilidade os impactos de tarifas comerciais mais duras. Para isso, seriam necessárias medidas fiscais mais ambiciosas do que as anunciadas até agora. Em 2023, a China exportou para os Estados Unidos o equivalente a 3,7 trilhões de yuan (US$ 506 bilhões), enquanto o consumo doméstico de bens somou 43,2 trilhões de yuan (US$ 6 trilhões). Um aumento de cerca de 8% no consumo interno poderia neutralizar a perda total das exportações para os norte-americanos.
No entanto, esse cenário extremo é pouco provável. Uma estimativa mais realista envolve a perda de 2 trilhões de yuan em dois anos, o que exigiria uma alta de cerca de 4% no consumo interno. Parte dessa demanda externa poderia ser redirecionada para outros mercados. As vendas no varejo cresceram 5,9% em março, maior avanço em 14 meses. Mas, esse impulso reflete, em parte, subsídios temporários do governo. A Capital pondera que os 300 bilhões de yuan (US$ 41 bilhões) em incentivos (0,2% do PIB) têm efeito limitado. Seria necessário um avanço mais consistente da renda ou uma queda da poupança para sustentar o consumo.
No entanto, a renda desacelerou no primeiro trimestre, e a poupança das famílias segue alta. O grande fator incerto é o mercado imobiliário, onde está concentrada a maior parte da riqueza das famílias. Um repique nos preços poderia estimular o consumo, mas o excesso de oferta ainda pesa. A liderança chinesa tem uma aversão enraizada ao 'welfarismo' e reluta em usar endividamento para financiar consumo atual. O 'welfarismo' é uma forma de pensar que enfatiza o bem-estar, o conforto e o bem-estar como o objetivo principal das políticas e ações. Por isso, há ceticismo de que as famílias receberão apoio suficiente para compensar totalmente a perda de demanda dos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.