22/Apr/2025
O governo brasileiro espera ampliar negócios com a China, sobretudo no comércio de produtos agropecuários. Segundo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, há expectativa de abertura de novos mercados na China, como pescado e grãos secos de destilaria (DDGs, subproduto do etanol de milho). O Brasil está na iminência de abertura do mercado chinês para o pescado brasileiro, o que pode ser formalizado nos próximos dias. Há expectativa também de abertura de mercado chinês para DDG do Brasil em breve. A expectativa brasileira é alimentada sobretudo por encontro bilateral da vice-ministra da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC), Lyu Weihong, com a área técnica do Ministério da Agricultura. Uma reunião com está agendada para esta terça-feira (22/04) com as Secretarias de Comércio e Relações Internacionais e de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. Segundo Fávaro, trata-se de uma visita de rotina, em virtude de a comitiva chinesa estar no Brasil para a realização da etapa ministerial do Grupo de Trabalho de Agricultura do Brics.
A GACC fará visita de rotina e na expectativa da ampliação dos negócios. A delegação chinesa cumpre protocolos e não há nada específico que enseje a visita. Recentemente, a China abriu mercado para gergelim e sorgo do Brasil, destacou Fávaro. O Brasil quer abrir mais mercados, como em frutas. Há vários protocolos sanitários em discussão. De acordo com o ministro, a reunião é considerada também preparatória para a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China em maio. São assuntos que serão levados pelo presidente Lula à China com uma agenda intensa de oportunidades em grãos, frutas, fibras e biotecnologia. O sincronismo na aprovação de biotecnologias será pauta importante na visita do presidente Lula à China. Sobre o sincronismo relacionado a transgênicos, o ministro citou o fato de que a ausência de protocolos limita negócios de empresas e que o sincronismo visa garantir o maior número de produtos que possam ser utilizados ao mesmo tempo em ambos os países.
O Ministério do Desenvolvimento Agrária e Agricultura Familiar (MDA) afirmou que há também intenção de cooperação com a China, por meio de memorando de entendimento, na área de tecnologia e maquinários. A China já está trazendo investimento em maquinários para o Brasil voltado à agricultura em pequena escala. A pauta bilateral entre Brasil e China inclui mais de 50 itens em negociação. A lista de pedidos brasileiros aos chineses inclui a abertura de mercado para carne bovina com osso, miúdos de aves e bovinos, farelo de amendoim, lima ácida, arroz e grãos secos de destilaria (DDGs, subproduto do etanol de milho). A sincronia na aprovação de transgênicos (biotecnologia) também integra a agenda. A revisão do protocolo de encefalopatia espongiforme bovina (EEB, doença popularmente conhecida como "mal da vaca louca") e da regionalização da Influenza Aviária também estão em fase de discussão técnica. A ampliação de frigoríficos brasileiros aptos a exportar carnes à China também será tema do encontro.
A China é hoje o principal destino das exportações de produtos agropecuários do Brasil, perfazendo cerca de um terço dos embarques anuais do agronegócio brasileiro. As vendas de produtos agropecuários ao mercado chinês somaram US$ 49,7 bilhões em 2024. Em novembro do ano passado, a China abriu seu mercado para quatro produtos da agropecuária brasileira: sorgo, gergelim, uva fresca e farinha de peixe, utilizada para ração. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, adotou tom moderado sobre o eventual redirecionamento das importações chinesas ao Brasil em meio à escalada da guerra comercial e tarifária entre Estados Unidos e China. O Brasil não tem pretensão de ocupar o lugar dos Estados Unidos no comércio com a China, mas é um dos poucos países do mundo com capacidade de incorporar 40 milhões de hectares degradados e praticamente dobrar a produção. Independentemente do momento global e da guerra tarifária, o País está fazendo isso porque é potencialidade do governo brasileiro, afirmou Fávaro.
O ministro disse que não vai comemorar momentos de instabilidade, mas que o Brasil está preparado para atender eventuais demandas adicionais. Ele citou, por exemplo, que há oportunidades de a China ampliar a lista de frigoríficos brasileiros habilitados a exportar carnes para o país diante da suspensão pelo governo chinês das plantas dos Estados Unidos. O governo chinês desabilitou do sistema pré-listing 395 plantas de carnes dos Estados Unidos. Esse volume precisará ser suprido por outros países e o Brasil se apresenta, com capacidade e vontade, como grande fornecedor de carnes à China. A habilitação de novos frigoríficos do Brasil, lembrou Fávaro, depende do governo chinês, após a liberação e auditoria das fábricas por meio da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC, autoridade sanitária do país). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.