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17/Apr/2025

Dólar recua com acirramento da guerra comercial

O acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a afastar investidores de ativos norte-americanos, levando a uma nova rodada de queda global do dólar. O Real apresentou desempenho inferior à de seus principais pares, à exceção do peso chileno, o que pode refletir tanto questões técnicas quanto ruídos fiscais com divulgação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). Com máxima a R$ 5,91 e mínima a R$ 5,85, o dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (16/04), em baixa de 0,42%, cotado a R$ 5,86. Em abril, a moeda apresenta valorização de 2,80% em relação ao Real. No ano, as perdas, que já chegaram a superar 8%, são agora de 5,10%. Na queda de braço entre Estados Unidos e China, o governo norte-americano impôs restrições para vendas de chips das empresas de tecnologia Nvidia e da AMD para China, derrubando as bolsas em Nova York. A medida vem depois de a China proibir a entrega de jatos da Boeing a companhias áreas do país.

No meio da escalada das tensões comerciais, veio uma nota positiva para a economia global. O PIB da China surpreendeu no primeiro trimestre, ao crescer 5,4% na comparação anual, acima das expectativas de economistas (5,1%). O Ouribank vê o movimento da taxa de câmbio muito ligado ao ambiente externo, uma vez que outras divisas emergentes, inclusive as latino-americanas, também estão se apreciaram em relação ao dólar. O crescimento da China favoreceu essa melhora do apetite por essas divisas. A fraqueza do dólar no exterior também está ligada a esse modelo mais agressivo de negociação do presidente dos Estados Unidos com a China. O "desconforto" em relação aos números do PLDO teve menos impacto que a questão externa no câmbio. Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY voltou a furar o piso dos 100,000 pontos, com mínima aos 99,174 pontos, em linha com as mínimas das taxas dos Treasuries, após fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. O franco suíço, visto como porto seguro, subiu mais de 1%.

Indicadores econômicos dos Estados Unidos divulgados nesta quarta-feira (16/04), como o crescimento além do esperado das vendas do varejo em março, mostram que a economia norte-americana segue saudável, mas as expectativas de crescimento e inflação pioram em razão do tarifaço. Jerome Powell observou que o nível das tarifas já anunciadas é significativamente maior do que o previsto, o que deve se traduzir em inflação mais alta e crescimento mais lento. Powell acredita que haverá um repique transitório da inflação, mas ressaltou que os efeitos do choque tarifário nos preços podem ser mais persistentes. O Itaú observa que o comportamento do Real tem sido ditado majoritariamente pelos movimentos de aumento ou diminuição da aversão ao risco no exterior em meio ao desenrolar da guerra comercial. Em caso de uma desaceleração da economia norte-americana que não resulte em recessão global, é razoável esperar enfraquecimento global do dólar e, por tabela, apreciação do Real, especialmente considerando o diferencial de juros elevado.

Já uma escalada da guerra comercial que provoque uma retração da atividade mundial aumentaria a aversão ao risco, resultando em uma taxa de câmbio mais depreciada. Diante da incerteza elevada, o Itaú mantém a projeção de taxa de câmbio em R$ 5,75 para 2025 e 2026. O Banco Central informou que o fluxo cambial na semana passada (de 7 a 11 de abril) foi negativo em US$ 235 milhões, em razão da saída líquida de US$ 3,152 bilhões pelo canal financeiro. Em abril, até dia 11, o fluxo total ainda é positivo em US$ 2,669 bilhões, graças ao saldo positivo de US$ 4,705 bilhões no comércio exterior. Segundo a Equador Investimentos, o câmbio doméstico voltou a colar na dinâmica do dólar no exterior e a previsão é de um piso de R$ 5,82 no curtíssimo prazo. Houve melhora do superávit comercial. O mercado já precifica na curva de juros Selic em 15%. Nesse nível, o impacto predominante sobre o dólar depende mais do cenário externo e do fluxo cambial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.