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17/Apr/2025

COP30: entrevista com Dan Ioschpe - Iochpe-Maxion

Indicado pelo governo brasileiro para ser o “climate high-level champion” (campeão climático de alto nível) da COP30, o empresário Dan Ioschpe vê na transição energética a principal oportunidade para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Presidente do conselho de administração da fabricante do segmento de autopeças Iochpe-Maxion, o empresário não está entre aqueles mais envolvidos no debate ambiental nem aparecia na lista dos cotados para o cargo. Ele, no entanto, acredita que sua capacidade de implementação de estratégias o fez ser indicado para a posição. Ioschpe liderou, no ano passado, o B-20, o fórum da comunidade empresarial ligado ao G-20, numa atuação vista como bem-sucedida. Segue a entrevista:

O sr. não é um empresário que costuma se envolver no debate sobre clima. Como surgiu o convite para ser o campeão climático da COP e o que o fez aceitá-lo?

Dan Ioschpe: Recebi o convite da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago, e da diretora executiva da COP, Ana Toni. Fiquei feliz com o convite, porque, embora não seja em uma área da minha especialidade, ela tem cruzado em todos os assuntos que acompanho, no B-20, na Fiesp, na CNI.

Por que o sr. decidiu aceitar?

Dan Ioschpe: Por um lado, a questão da transição energética é a principal estratégia de desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Isso ficou muito claro no B-20. Grande parte das recomendações do B-20 conversava com essas oportunidades e esses desafios. O segundo grande aspecto de uma estratégia nacional passa por digitalização e uso das novas tecnologias, que dependem de energia e precisarão ser sustentáveis e renováveis. Isso também dá uma oportunidade de uma nova onda de desenvolvimento socioeconômico do Brasil. Espero que a gente consiga acelerar a agenda de ação climática e mostrar para o mundo inteiro mais tecnologias e mais opções daquilo que está dando certo.

Entre os envolvidos no debate climático, há a expectativa de que o sr. consiga trazer a indústria para mais perto das discussões. Como vê o comprometimento da indústria brasileira com a descarbonização? Como pretende atuar com esse setor?

Dan Ioschpe: Os setores da indústria dos quais estou mais próximo estão trabalhando as questões climáticas há um bom tempo. O setor automotivo é um exemplo, tem metas claras e, inclusive, adota remuneração variável dos executivos que depende do cumprimento de metas de redução de emissões. Alguns segmentos da atividade industrial, da agroindustrial e até da prestação de serviços têm mais dificuldade tecnológica para atingir os objetivos. Para esses, a gente precisa dar uma atenção especial para ter certeza de que a difusão de soluções está acontecendo. Claro que precisamos achar as melhores soluções para que o esforço econômico vá se reduzindo ao longo do tempo. Se os setores mais fáceis de se transformar andarem bem, talvez a gente tenha espaço para que aqueles setores com maior dificuldade levem o seu tempo de fazer a transição.

O que é mais difícil nesse trabalho de ajudar a implementar o que já foi definido em COPs anteriores?

Dan Ioschpe: Muita coisa já está sendo feita. Se não tivéssemos feito o Acordo de Paris, há quase 15 anos, as coisas seriam piores. Quando você olha no mais específico, a economicidade desse processo tende a ser o mais desafiador. É preciso encontrar um caminho para que o esforço de adaptação daquele processo ou daquela tecnologia não exaure as capacidades financeiras dos agentes.

Como a sua empresa trabalha a redução das emissões?

Dan Ioschpe: Eu sou acionista da Iochpe-Maxion. Temos metas, temos compromissos que são públicos, e estão indo bem. As empresas nas quais estou no conselho também estão superando expectativas de quatro anos atrás. O primeiro ponto para isso é sair de um grid de energia menos sustentável e renovável para um mais sustentável e renovável. A maior parte dessa mudança se deu proativamente pela empresa. Em geral, vários setores veem que há uma boa perspectiva de redução de carbono sem danos econômico, mas que requer o investimento ativo de procurar a fonte de energia sustentável.

Fonte: Broadcast Agro.