16/Apr/2025
O valor desembolsado no Plano Safra 2024/2025, iniciado em 1º de julho de 2024, alcançou R$ 274,826 bilhões até março em financiamentos para pequenos, médios e grandes produtores. Os dados foram coletados no Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor/BCB) do Banco Central na segunda-feira (14/04). O montante desembolsado nos nove meses do plano agrícola e pecuário corresponde a 57,7% do total disponível para a safra, de R$ 476,59 bilhões. O valor ficou 17,83% abaixo do desembolsado para produtores em igual período da safra 2023/2024, de R$ 334,472 bilhões. Até o fim de março, foram realizados 1,614 milhão contratos em todas as modalidades, 9,78% menos que o total registrado em igual período da temporada anterior, de 1,789 milhão de contratos. Na safra atual, observou-se menor desempenho do crédito oficial desde o primeiro mês da temporada, quando o recuo nos recursos liberados chegou a 48%.
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a retração no desembolso do Plano Safra deve-se a dificuldades ao acesso a crédito pelos produtos rurais em meio à maior seletividade dos agentes financeiros para concessão de empréstimos. Nas conversas com produtores de todo o País, percebe-se que a demanda está aquecida. Os produtores têm buscado crédito, mas não têm conseguido acessar pois os recursos não estão chegando na ponta, principalmente no Pronamp. O apetite no campo por novos financiamentos se mantém, sobretudo para custear as atividades e a safra de inverno, em virtude da alta do dólar e do aumento do custo de produção pelo encarecimento dos insumos importados. Nesse cenário, os produtores enfrentam um momento de maior necessidade de recursos. Segundo informações coletadas pela CNA juntamente às federações de agricultura e pecuária, mesmo com a suplementação de R$ 4,1 bilhões pelo Executivo para a subvenção do Plano Safra atual, produtores em diversas localidades alegam falta de recursos disponíveis nas agências.
As instituições financeiras estão mais criteriosas na concessão dos recursos com análise mais ampla em virtude do cenário de risco climático e de mercado. Com a redução nas contratações do crédito oficial, dado o aumento das burocracias para acesso às linhas de financiamento oficiais e as limitações de tomada de recursos por porte de produtor rural, o mercado de títulos agrícolas vem suprindo a demanda por financiamentos agropecuários. Há aumento expressivo no estoque de CPRs, por exemplo. Se o ritmo de desembolso do Plano Safra for mantido, deve haver sobra de recursos até o fim da safra. Há recursos disponíveis, mas incerteza se serão operacionalizados. Em igual período de safras passadas, de 70% a 80% dos recursos do plano agrícola e pecuário já haviam sido consumidos. O Pronaf e o Pronamp apresentam contratação próxima ao planejado e ao ciclo passado, mas nos recursos com fontes livres, provavelmente, não haverá as aplicações programadas.
É provável que não seja aplicado todo volume previsto para o Plano Safra atual. Os financiamentos para custeio somaram R$ 156,468 bilhões de julho de 2024 a março de 2025, 13,16% abaixo de igual período do ano-safra anterior, em 659.568 contratos. O valor concedido nas linhas de investimento foi de R$ 72,497 bilhões no período, 14,69% menos que na temporada passada, em 935.697 contratos. As operações de comercialização atingiram R$ 29,846 bilhões (queda de 29%), em 17.132 contratos, e as de industrialização totalizaram R$ 16,015 bilhões (recuo de 39%), em 1.253 contratos, em nove meses da safra. No período, 1,236 milhão de contratos de crédito foram firmados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), alcançando R$ 48,774 bilhões ao fim de março. No Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) foram registradas 180.115 operações, totalizando R$ 47,919 bilhões nos nove meses do ano-safra.
Outros 197.094 contratos foram realizados por grandes produtores, o que correspondeu a R$ 178,133 bilhões em financiamentos de julho a março na safra 2024/2025. A Região Nordeste reportou o maior número de contratos realizados no primeiro semestre da safra, com 692.678 operações, com R$ 29,132 bilhões financiados. Na sequência, consta a Região Sul, com 488.650 contratos, e maior valor contratado, de R$ 87,121 bilhões. A Região Sudeste registrou 270.048 operações de crédito rural de julho a março, somando o total de R$ 74,797 bilhões. Na Região Centro-Oeste, foram firmados 97.529 contratos, alcançando a liberação de R$ 63,876 bilhões. Na Região Norte, foram reportadas 64.745 operações, somando R$ 19,900 bilhões. O valor médio por contrato na base nacional foi de R$ 170,313 mil ao fim dos nove meses do ano-safra atual, queda de 9% ante igual período da temporada passada.
Em relação às fontes de recursos do crédito rural, R$ 68,809 bilhões foram provenientes das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs, a taxa livre), fonte não controlada, ante R$ 231,630 bilhões de igual período da safra 2023/24. Mesmo com a queda entre os anos-safras, as LCAs se consolidaram como a principal fonte do crédito rural oficial no acumulado da safra 2024/2025. Na sequência, aparecem os recursos obrigatórios respondendo por R$ 44,414 bilhões. Outros R$ 39,106 bilhões de julho de 2024 a março deste ano foram provenientes dos recursos livres equalizáveis. No Plano Safra 2024/2025, o governo ofereceu R$ 76 bilhões para agricultura familiar, R$ 65,23 bilhões para médios produtores por meio do Pronamp e R$ 335,36 bilhões em recursos para demais produtores e cooperativas. Somando médios e grandes produtores, foram ofertados R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.