16/Apr/2025
Segundo o Citigroup, a persistência de elevadas tarifas no comércio global poderia impactar a economia dos Estados Unidos e do mundo. Isso prejudicaria a atividade econômica e os fluxos comerciais transfronteiriços mudariam. Como exemplo, pode-se citar uma aceleração de importações em meio à expectativa da implementação das tarifas recíprocas, pausadas por 90 dias. Observa-se uma pausa significativa em investimentos enquanto todos aguardam para obter clareza sobre a agenda completa das tarifas.
Segundo a Moody's, as tarifas dos Estados Unidos enfraquecerão as condições de crédito e farão com que os defaults sejam maiores do que o esperado, bem como levarão a um menor crescimento e maiores chances de recessão. A agência de avaliação de risco menciona que a "incerteza contínua" impedirá o planejamento de negócios, paralisará o investimento e afetará a confiança do consumidor. Os setores corporativos não financeiros correm risco maior com as tarifas. As tarifas parecem projetadas para aumentar a receita e reduzir a dependência dos Estados Unidos de parceiros comerciais.
A atratividade da primeira e a indefinição da segunda significam que as tarifas mais altas provavelmente persistirão, apesar do potencial de negociações de concessões e processos jurídicos. A Moody's ainda avalia que as taxas de inflação mais altas podem ser temporárias, mas os ajustes de preços permanecerão. O Federal Reserve (Fed. o banco central norte-americano) provavelmente manterá as taxas de juros no mesmo patamar por enquanto, mas as reduzirá no final de 2025. O crescimento da China diminuirá, a menos que o estímulo fiscal seja aumentado de forma rápida e significativa, e as maiores economias da Europa também serão afetadas.
A Fitch Ratings alertou que o risco de retaliação por parte de parceiros comerciais continua preocupando setores corporativos nos Estados Unidos, mesmo após uma trégua temporária nas tarifas recíprocas. As tensões com a China seguem elevadas, apesar da isenção provisória de tarifas sobre produtos como celulares e eletrônicos. A Fitch classificou como "moderadamente expostos" à retaliação setores como aeroespacial, bebidas alcoólicas, químicos, proteínas e farmacêuticos. No entanto, a concentração da disputa comercial na China aumenta os riscos para os segmentos de tecnologia, agricultura, cassinos e automóveis, especialmente porque algumas montadoras e operadoras de cassinos mantêm joint ventures no país.
A exposição de cada empresa depende de fatores como mix geográfico de receita, cadeias de suprimentos e nível de retaliação por país. Companhias multinacionais com menor margem de manobra financeira e capacidade limitada de mitigar medidas retaliatórias são as mais vulneráveis. A Fitch também enfatizou o papel central da China para o setor de saúde, onde atua como polo de pesquisa, fornecedora de insumos farmacêuticos e importante mercado consumidor. No agronegócio, o risco se concentra principalmente na produção agrícola, já que as processadoras operam de forma mais diversificada no plano global. União Europeia, Canadá e México continuam sendo os principais destinos das exportações norte-americanas, respondendo juntos por cerca de 40% do total.
Mais de 100 empresas avaliadas nos Estados Unidos obtêm ao menos 15% de sua receita na Europa, enquanto aproximadamente 30 empresas têm alta dependência do mercado chinês, incluindo Hong Kong e Macau. O executivo-chefe do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, afirmou nesta terça-feira (15/04) que os Estados Unidos e a China devem retomar o engajamento de alto nível e advertiu que o domínio norte-americano não pode ser considerado garantido. Segundo ele, o objetivo não deve um descolamento em relação à China, sendo preciso negociar com parceiros fortes, como a União Europeia, China e Japão, para fortalecer a relevância dos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.