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15/Apr/2025

EUA e os desafios para fechar acordos comerciais

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer fechar 90 acordos comerciais em 90 dias, mas os desafios para resolver rapidamente a guerra comercial já são evidentes. Especialistas em comércio têm dúvidas sobre a eficácia com que o governo consegue administrar tantas negociações simultâneas. A exceção de tarifas a importados adotadas pelo governo dos Estados Unidos sobre vários produtos eletrônicos, entre eles smartphones, TVs e semicondutores representa uma parcial redução da escalada da guerra comercial com a China, aponta a Capital Economics. Os 20 tipos de produtos que agora estão isentos das tarifas recíprocas de 145% contabilizam 23% das importações dos Estados Unidos vindas da China. As exceções são aplicadas para diversos países na Ásia. 64% das importações dos Estados Unidos originárias de Taiwan agora estão isentas da tarifa recíproca de 10%, 44% da Malásia e quase 30% do Vietnã e da Tailândia.

De 10% a 12% das importações da Índia, Coreia do Sul e México também serão isentos. A tarifa geral dos Estados Unidos a importados está agora em 22%, bem maior que os 2,3% registrados no ano passado, mas inferior aos 27% que prevaleciam. A alta de tarifa para a China continua em 145%, mas a elevação efetiva com estas exceções está agora próxima de 106%. O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou no domingo (13/04) que a isenção de tarifas sobre eletrônicos importados anunciada na sexta-feira (11/04), pelo governo norte-americano é temporária. Serão aplicadas a itens tecnológicos, como smartphones, computadores e chips, tarifas específicas para o setor de semicondutores, o que deve ocorrer “em um mês ou dois”. Todos esses produtos serão classificados como semicondutores e terão um tipo especial de tarifa para garantir que sejam repatriados (voltem a ser produzidos nos Estados Unidos).

O mesmo raciocínio vale para medicamentos. O secretário acrescentou que os Estados Unidos não podem depender de outros países, especialmente da China, para fornecer itens essenciais. Ele reforçou que as isenções não serão permanentes. Segundo o representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, não têm nenhum plano para conversar. Porém, em algum momento, uma conversa deve ocorrer. As taxas de importações dos Estados Unidos à China chegaram a 145%, e as da China aos Estados Unidos, a 125%. Ele afirmou que cerca de 70 países estão negociando as tarifas com os Estados Unidos. Ele afirmou que o objetivo é conseguir acordos relevantes antes de 90 dias. Em meio à guerra comercial, a aprovação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caiu, segundo pesquisa divulgada no domingo (13/04).

O levantamento feito com 2.420 norte-americanos, de 8 a 11 de abril, mostra que 44% aprovam a maneira como o republicano comanda a economia, contra 48% na pesquisa anterior, do final de março. Ao mesmo tempo, 56% desaprovam a maneira como o presidente conduz a economia, contra 52% no final de março. Na mesma linha, 40% aprovam a maneira como ele lida com a inflação, contra 44% na pesquisa anterior. Neste quesito, os que desaprovam subiram de 56% para 60%. A aprovação do trabalho de Trump à frente do governo em geral caiu de 50% para 47%, ao passo que o percentual de entrevistados que desaprovam subiu de 50% para 53%. Sobre as tarifas impostas por Trump a produtos importados, 42% são favoráveis e 58% são contrários. Além disso, 53% dizem que a economia está piorando, 28% que está melhorando e 19% que continua na mesma.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, informou que está priorizando o Reino Unido, a Austrália, a Coreia do Sul, a Índia e o Japão como seus principais alvos para novos acordos comerciais, após o presidente Donald Trump anunciar uma onda de tarifas, inclusive sobre esses países. Esses países estão entre seus principais alvos e tem mantido contato com autoridades de cada um deles. A iniciativa de Bessent de se envolver rapidamente com autoridades de países que foram atingidos por uma tarifa de pelo menos 10% ocorre depois que ele se tornou um conselheiro crucial do presidente em questões comerciais e um importante negociador dos Estados Unidos. A União Europeia está aproveitando a "janela de 90 dias" para negociar com os Estados Unidos uma solução para as tarifas injustificadas. A União Europeia está disposta a um acordo justo. Como parte da proposta europeia, a oferta de tarifa zero para ambos os lados em bens industriais e o trabalho conjunto sobre barreiras não tarifárias. No entanto, alcançar esse objetivo exigirá um esforço significativo de ambas as partes.

O ex-presidente do Banco Central do Brasil, Arminio Fraga avaliou que a situação nos Estados Unidos é dramaticamente mais complexa e arriscada do que era anteriormente. Um problema na postura dos Estados Unidos é a perda do soft power, que representa uma situação perigosa em que valores democráticos podem ficar em segundo plano. Atualmente, há grande problemas mundiais, o que é uma coisa nova. Antes mesmo da guerra comercial, já tinha a Guerra Fria entre Estados Unidos e China. Tem as tensões no Oriente Médio, e a invasão da Ucrânia, possíveis mutações de vírus e o aquecimento global. Nesse contexto, o presidente norte-americano Donald Trump volta com ideias para assuntos que já estavam resolvidos. Os Estados Unidos sempre foram uma espécie de modelo, de ‘estrela-guia’ para que o resto do planeta evoluísse bem. A perda do soft power representa uma situação perigosa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.