10/Apr/2025
A queda de braço entre Estados Unidos e China em torno de tarifas de importação dominou os negócios no mercado cambial nesta quarta-feira (09/04). O dólar oscilou mais de R$ 0,25 entre a máxima (R$ 6,09) e a mínima (R$ 5,82), acompanhando o comportamento da moeda norte-americana em relação a divisas de países emergentes. No fim da sessão, o dólar fechou a R$ 5,84, em queda de 2,52%. A moeda interrompeu uma sequência de três pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 6,57%. Apesar do escorregão, o dólar ainda apresenta ganhos de 2,49% em abril. Pela manhã, a divisa quase tocou R$ 6,10, impulsionada pela decisão da China de elevar tarifas de importação a produtos norte-americanos de 34% para 84%, em uma retaliação à decisão de Donald Trump de aplicar tarifas totais de 104% aos produtos chineses. O acirramento da guerra comercial avivou os temores de recessão nos Estados Unidos e no mundo, empurrando os preços das commodities para baixo, com o petróleo operando abaixo da linha de US$ 60,00 por barril.
Também jogava contra as moedas latino-americanas a perspectiva de enfraquecimento do yuan, medida utilizada pela China para amenizar o efeito do tarifaço de Donald Trump. Segundo a Nova Futura Investimentos, as moedas emergentes, principalmente as da América Latina, refletem muito a dinâmica das commodities, que estavam em queda livre no início da sessão. Vale destacar que os investidores veem o Brasil com um substituto a ativos da China. No dia em que a China sofre e o yuan se deprecia, o Real também cai. A maré virou após as 14h quanto Donald Trump fez um movimento para evitar uma frente conjunta contra o tarifaço e isolar a China. Em post em rede social, o presidente norte-americano aumentou as tarifas aos chineses para 125%, mas limitou a tarifas a países que não retaliaram os Estados Unidos a 10% por 90 dias. Para Brasil, que já estava na faixa mínima de 10%, nada muda.
Na gangorra global do mercado de moedas, a mensagem de Trump fez o dólar ganhar terreno em relação a pares como o euro e iene japonês, mas perder força na comparação com as divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para o Real, os pesos mexicano e colombiano, além do rand sul-africano. As bolsas em Nova York dispararam, com o índice Nasdaq exibindo ganhos superiores a dois dígitos. Os preços do petróleo trocaram de sinal, exibindo alta firme. O contrato do Brent para junho fechou com valorização de 4,23%, a US$ 65,48 por barril. O Ibovespa, que oscilava ao redor da estabilidade, subiu mais de 3%, impulsionado pelos papéis de Petrobras e Vale. Para a Nova Futura Investimentos, Trump parece ter percebido que "passou do ponto" com o tarifaço, cujo resultado poderia ser o mergulho da economia norte-americana na recessão. Em um primeiro momento, a sensação é de alívio nos mercados. Mas, ainda é preciso ver se a China está disposta a negociar, cedendo em alguns pontos.
Donald Trump afirmou que "um acordo será feito com a China e com todos os países" na questão das tarifas de importação. "Quero acordos justos a todos". Segundo ele, o país asiático quer uma negociação, "mas não sabe como começar". A ata do encontro do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no mês passado reforçou a perspectiva de que o tarifaço de Trump resulte em mais inflação e menos crescimento. Mais uma vez, o Fed afirmou que a política monetária está bem-posicionada para lidar com as incertezas provocadas pelo tarifaço. Ferramenta de monitoramento do CME Group mostrou, após o recuo de Trump, aumento de chances de início de corte de juros pelo Fed em junho, com probabilidade maior de redução total de 75 pontos-base ao longo de 2025. O Fed vai tentar levar o mercado em ‘banho-maria’, com um tom bem ameno, sem validar os cortes estimados pelo mercado. A postura é de esperar para ver como as tarifas vão bater na inflação e na atividade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.