09/Apr/2025
Segundo a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), as tarifas impostas pelos Estados Unidos foram menos agressivas do que o setor esperava e podem inclusive abrir oportunidades comerciais para o Brasil. O enfrentamento entre Estados Unidos e China cria uma janela importante para o agronegócio brasileiro, especialmente nos segmentos de soja e milho. O complexo soja e milho pode sair com maior volume por causa das compras chinesas. Aproximadamente 52% das exportações do agronegócio brasileiro têm como destino a China e o setor pode conquistar novos mercados em meio às tensões geopolíticas. Há preocupações específicas em cadeias como o suco de laranja e a madeira beneficiada, como MDF e chapas compensadas. Hoje, 80% do comércio mundial de suco de laranja sai do Brasil, e os Estados Unidos adquirem de 30% a 40% do consumo global. Isso vai ter um impacto grande. O governo brasileiro agiu com cautela ao evitar uma reação imediata.
É uma característica do governo Trump: dar o impacto inicial e chamar para a mesa para negociar. O Itamaraty tem uma característica de respeitabilidade mundial na negociação. A FPA também afirmou que o Brasil se tornou alvo de narrativas negativas no exterior por causa da sua força crescente como exportador de alimentos. Isso é uma batalha concorrencial e comercial. Os países sabem que o Brasil é competitivo e quer barrar com argumentos ambientais e sanitários. No entanto, observa-se houve mudança no tom das autoridades estrangeiras. Hoje, a preocupação é muito maior com a sobrevivência do que com a concorrência. Foi criticado o uso de dados ambientais desatualizados por órgãos internacionais. Na FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), os números de defensivos agrícolas usados para atacar o Brasil vêm do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). É um País tropical que faz até três safras. Não dá para comparar com quem planta uma vez por ano.
O Brasil mantém altos níveis de preservação. Nenhum país do mundo tem 20% mínimo de preservação como na Mata Atlântica ou 80% na Amazônia. Ressalta-se os gargalos internos que afetam a competitividade, como a falta de armazenagem e irrigação. A armazenagem do produtor brasileiro é o caminhão indo para o porto. Faltam linhas de crédito específicas para irrigação, e o crédito barato não chega. Foi mencionado caso recente de devolução de carga de milho triturado à Alemanha por falta de registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Isso não é culpa do produtor nem da cooperativa. É o Estado que não conseguiu integrar os dados. Mas, quem paga o prejuízo é o agro. Sobre o Japão, a entrada da carne brasileira no país continua travada por exigências sanitárias e laços comerciais com os Estados Unidos. Ainda assim, há avanços pontuais. A participação brasileira em feiras internacionais continua abrindo portas. O mundo inteiro reconhece que só o Brasil pode triplicar a produção de alimentos nas próximas décadas sem degradar o meio ambiente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.