09/Apr/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai agir com a "prudência devida" sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos. A sobretaxa imposta aos produtos brasileiros ficou em 10%. O presidente Lula sempre deixou claro que não vai reagir apenas retoricamente, mas que vai agir com a prudência devida, vai defender o trabalhador brasileiro, as indústrias brasileiras, vai exigir reciprocidade, mas tudo dentro da boa tradição diplomática brasileira, que tem sido muito bem-sucedida. Sobre o PL da Reciprocidade, aprovado pela Câmara dos Deputados, o ministro avaliou que foi uma medida para "nós temos que ser tratados da forma como tratamos vocês", ressaltando, porém, que sempre haverá espaço para negociação. Para Fernando Haddad, o tarifaço não foi bom para ninguém.
No entanto, os Estados Unidos colocaram a América do Sul na melhor situação dentro do quadro geopolítico global, pois as sobretaxas aos países da região foram menores, com exceção de Venezuela e Guiana. Os Estados Unidos perceberam que a América do Sul é um continente muito vulnerável para a entrada da China, algo que já vem acontecendo. Questionado sobre uma possível projeção para o cenário econômico do Brasil após as tarifas, o chefe da Fazenda argumentou que foi desencadeado um processo muito complexo, mas que há condições de navegar nesse "quadro de incerteza". O Brasil está em uma posição relativamente vantajosa. Não tem dívida externa, temos reservas cambiais e tem um bom fluxo de comércio com os três maiores blocos econômicos do mundo.
O País não tem dependência da economia norte-americana. Um acordo com a União Europeia pode ser aprofundado neste momento, além da possibilidade de repensar relações na América do Sul. Na avaliação de Haddad, os Estados Unidos descobriram que perderam o jogo que eles mesmos armaram durante os anos 1980, mas agora querem mudar as regras. O país que defendia o livre comércio, a Organização Mundial do Comércio (OMC), é o mesmo que hoje está adotando as políticas mercantilistas mais radicais desde há muito tempo. Hoje, os Estados Unidos se deparam com a China, um país que não só é uma potência militar, como foi a União Soviética, mas também econômica, como era o Japão. A China é realmente um elemento muito desafiador, como os Estados Unidos ainda não tinham conhecido.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou a taxação dos Estados Unidos sobre produtos importados de outros países como um "grande equívoco". Os primeiros que pagarão caro por esse equívoco serão os norte-americanos, a população norte-americana. O mundo vai se rearranjar, o mundo vai achar alternativas ao novo modelo tributário das relações comerciais mundiais imposto pelos Estados Unidos. Para o ministro, o Brasil vai superar os desafios decorrentes das mudanças no comércio mundial. Há certeza da estabilidade de fornecimento de alimentos e energia com qualidade, com boas práticas, com sustentabilidade, com sanidade pelo Brasil. O Brasil conseguirá fazer deste momento de incerteza uma oportunidade para a agropecuária brasileira. O Brasil vai continuar exportando mais e produzindo mais. O ministro citou a abertura de 348 novos mercados para produtos agropecuários brasileiros durante o governo atual. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.