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08/Apr/2025

Riscos regulatórios atrapalham transição energética

De acordo com pesquisa recente da consultoria KPMG, ativos ligados à transição energética atraíram entre US$ 10 milhões e US$ 1 bilhão (de R$ 57,7 milhões a R$ 5,77 bilhões) de investidores brasileiros em 2024. Entretanto, as cifras poderiam ser ainda mais robustas se o cenário global das políticas em torno do tema estivesse mais sólido. O diagnóstico é do estudo “Perspectivas de Investimento na Transição Energética: 2025 em Diante”. Para 36% dos executivos responsáveis por esses investimentos, os riscos regulatórios e políticos são a principal barreira enfrentada para financiar a transição energética. Segundo o mapeamento, os investidores brasileiros temem que mudanças abruptas em políticas governamentais possam interromper planos de investimento de longo prazo. Além das questões regulatórias, as incertezas sobre o desempenho de tecnologias (28%) e a volatilidade do mercado (26%) aparecem como preocupações adicionais.

A consultoria ouviu 1,4 mil executivos do Brasil e de outros 36 países, incluindo Estados Unidos, China, Arábia Saudita e África do Sul. Os entrevistados atuam em organizações que têm investimentos ativos em transição energética, como representantes dos setores bancário, petróleo e gás, capital de risco, transporte, energia, entre outros. A preocupação com regulações mais estáveis manifestada pelos investidores brasileiros é compartilhada por seus pares globais. Como os investimentos em energia costumam ser de longo prazo, eles precisam de um cenário mais seguro para diminuir a possibilidade de perdas, caso haja uma mudança rápida de cenário nas políticas públicas e regulatórias. É importante para o investidor saber qual é o plano da liderança de um país. Se o Brasil, por exemplo, não decide que será um grande player na área de hidrogênio verde, as regulamentações para apostar nesse mercado também não são definidas.

O investidor acaba tendo de decidir sobre onde colocar o dinheiro sem essas informações fundamentais. É um risco grande ter de definir investimentos na área de energia, que são de longo prazo, em um ambiente onde as regras ainda não estão claramente estabelecidas. São regulamentações que ajudam o mercado a perceber que existe uma autoridade que toma conta disso. Assim, o investidor pode negociar, no mercado de carbono, por exemplo, sabendo que há uma comprovação por trás. O papel das políticas públicas é ressaltado pelos executivos não só para estruturar o mercado legalmente como para financiar a transição energética em parceria com a iniciativa privada. Seis em cada dez investidores brasileiros entrevistados disseram acreditar que a precificação de carbono e os subsídios são cruciais para incentivar investimentos em projetos de transição.

Nos últimos dois anos, 64% dos executivos brasileiros ouvidos investiram em eficiência energética; 52%, em armazenamento de energia e infraestrutura de rede; 50%, em transporte e infraestrutura relacionada; e 40%, em energias renováveis e de baixo carbono. Apesar do apetite dos investidores pelos ativos da transição energética, os combustíveis fósseis ainda não perderam a hegemonia aos olhos dos investidores. Segundo o estudo, apenas 26% desses investidores no Brasil não estão colocando dinheiro em energia fóssil. O estudo cita previsões de que os combustíveis fósseis terão um papel cada vez menor na geração de energia nas duas próximas décadas, mas aponta que eles ainda são essenciais na transição gradual para uma nova matriz energética. Porém, o percentual de investidores que estão aportando capital somente em outras fontes de energia, embora pequeno, já é crescente (e ligeiramente acima da média global de 25%), indicando uma projeção otimista para o futuro da transição no País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.