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04/Apr/2025

Tarifa dos EUA surpreende alguns setores do Agro

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o país aplicará uma tarifa de 10% sobre produtos importados do Brasil surpreendeu alguns segmentos do agronegócio. Para alguns setores exportadores, a surpresa deve-se ao fato de que esperavam exceção ao pacote, caso do café. Para outros, a surpresa é porque o patamar de 10% é inferior ao cobrado hoje. De modo geral, representantes do setor aguardam a publicação do decreto de tarifas para entender se há cumulatividade das tarifas ou exceção a determinados produtos. Para o café, principal produto agropecuário exportado pelo Brasil aos Estados Unidos, hoje os embarques são isentos de tarifas. O setor exportador esperava que o grão ficasse fora da lista, conforme pleiteado pela própria indústria norte-americana. Caso confirmada, a tarifa de 10% será superior à aplicada hoje. Em contrapartida, produtos como açúcar e carne bovina brasileira hoje são alvos de tarifas superiores, caso excedam a cota anual acordada.

As tarifas atuais para o açúcar brasileiro são piores que as anunciadas. Para o etanol, se esperava algo em torno de 20%. Então, 10% é sutil. Já outros setores consideram que seria positiva a aplicação de uma tarifa fixa e não adicional à já aplicada hoje. Alguns produtos têm atualmente tarifas médias conforme o volume exportado. É preciso analisar a ordem executiva, ver a sua abrangência e depois avaliar os impactos. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou que a aplicação de alíquota única pelos Estados Unidos, à exceção de alguns países com tarifas majoradas, "não é o melhor caminho de negociação". São realidades diferentes. O Brasil tem déficit comercial com os Estados Unidos. Das dez maiores economias do mundo, a única que os Estados Unidos têm superávit comercial é com o Brasil. Agora, é preciso aguardar a resposta do governo brasileiro. O parlamento brasileiro já garantiu a resposta necessária para proteger os produtos brasileiros com a lei da reciprocidade.

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou que a tarifa de 10% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros representa um impacto limitado no curto prazo, mas os desafios para o exportador permanecem. A taxação atingiu diversos países com alíquotas elevadas, enquanto o Brasil foi incluído em um grupo de economias com tarifa menor. A medida foi classificada como uma violação às regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) pelo governo brasileiro, que estuda recorrer à entidade. O novo pacote de tarifas reacendeu o risco de uma guerra comercial prolongada entre grandes potências. O Brasil ficou com a tarifa mínima, pelo menos até agora. Não se sabe se essas tarifas vão ter algum agravante mais para frente ou alguma coisa adicional, porque Donald Trump muda de opinião completamente.

Os exportadores devem observar movimentos de outros mercados, especialmente se houver retaliações. A China foi o país mais atingido pelas novas tarifas e pode rever seus fornecedores estratégicos, favorecendo o Brasil. A avaliação no mercado financeiro é que, apesar do impacto negativo geral das tarifas sobre o comércio global, o Brasil pode se beneficiar em alguns setores, como soja, milho e carne, caso haja desvio de demanda em direção a fornecedores alternativos. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou que, após avaliação mais aprofundada das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, o impacto para o agronegócio brasileiro é mais brando do que o inicialmente previsto. No entanto, ainda há dúvidas sobre a aplicação da tarifa de 10% sobre produtos brasileiros. É preciso entender se é cumulativa ou não, se vai somar às tarifas que já estão impostas. Se for isso, aí fica grave.

O risco de elevação da carga tarifária sobre itens como aço pode chegar a 35% com a nova medida. No caso das commodities agrícolas, a média tarifária atual de cerca de 5% passaria para 10%. Apesar disso, há espaço para o Brasil ampliar exportações, diante da sobretaxa imposta a países como China e União Europeia. A tarifação excessiva da União Europeia e da China vai fazer com que eles comprem do Brasil e isso abre oportunidades de negócios. Contudo, há possíveis impactos indiretos sobre a indústria nacional. É preciso tomar cuidado com a mudança do cenário de mercado dos produtos chineses, que podem inundar o Brasil e atrapalhar a indústria nacional. A FPA havia criticado a alíquota única imposta aos países, pois o Brasil tem déficit comercial com os Estados Unidos e deveria receber tratamento diferenciado. O efeito direto sobre o agro brasileiro, por ora, foi "razoável". Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.