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04/Apr/2025

Reação dos países às tarifas recíprocas dos EUA

- Brasil (tarifa de 10%): o Brasil está considerando suas opções para uma resposta, inclusive por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), onde os países podem registrar disputas. O Congresso brasileiro aprovou um projeto de lei permitindo que o governo responda às tarifas estrangeiras sobre seus produtos.

- China (nova tarifa adicional de 34%): o governo chinês afirmou que tomará contramedidas, que não especificou. A China retaliou tarifas anteriores com medidas relativamente modestas.

- Japão (tarifa de 24%): classificou nesta quinta-feira a taxação de 24% sobre os produtos do país como "extremamente lamentável" e reiterou a busca por isenção. Também questionou se as tarifas são compatíveis com os acordos comerciais bilaterais entre o Japão e os Estados Unidos e reforçou que a medida terá impactos sobre os laços entre os dois países e o sistema de comércio multilateral. O governo japonês não comentou se consideraria tarifas retaliatórias ou se registraria reclamações na Organização Mundial do Comércio (OMC).

- Canadá (sem novas tarifas; tarifas anteriores de 10%-25% sobre algumas exportações permanecem): o primeiro-ministro Mark Carney afirmou que o Canadá introduziria contramedidas não especificadas, além da retaliação anterior.

- México (sem novas tarifas; tarifas anteriores sobre algumas exportações permanecem): a presidente Claudia Sheinbaum afirmou que o México anunciará uma resposta abrangente às tarifas dos Estados Unidos, mas não está buscando "olho por olho nas tarifas".

- Coreia do Sul (tarifa de 25%-26%): o governo afirmou que forneceria suporte emergencial para a indústria automobilística e outros expostos a tarifas. A taxa exata da tarifa da Coreia do Sul permanece incerta, com documentos separados declarando taxas de 25% e 26%.

- Tailândia: o governo afirmou que o país está pronto para negociar com os Estados Unidos para encontrar uma balança comercial justa para ambos os lados, diante do anúncio da taxação de 36%. Os exportadores tailandeses também devem procurar mercados adicionais para reduzir a dependência dos Estados Unidos.

- Índia (tarifa de 27%): exportadores e analistas da Índia consideraram que a aplicação da tarifa de 34% sobre produtos exportados para os Estados Unidos provavelmente terá impacto sobre a indústria do país. Por outro lado, a iniciativa norte-americana poderá abrir novos mercados, já que outros países da região serão taxados com alíquotas ainda maiores. A Índia disse nesta quinta-feira que estava estudando o impacto da tarifa de 27% imposta pelos EUA sobre suas importações e prometeu lutar por um acordo comercial este ano, sinalizando um tom conciliatório. O país também está considerando ajudar os setores de exportação prejudicados pelas novas tarifas, disse uma fonte do Ministério do Comércio indiano.

- Sul e Sudeste da Ásia: Vietnã, Sri Lanka e outros países do Sul e do Sudeste da Ásia foram alvo de algumas das maiores tarifas. Os Estados Unidos impuseram taxas de 46% sobre produtos do Vietnã, 49% sobre itens do Camboja, 37% sobre mercadorias de Bangladesh e 44% sobre as exportações do Sri Lanka. As medidas afetarão os exportadores, mas também empresas chinesas, japonesas e sul-coreanas que, nos últimos anos, mudaram a produção para países do sudeste asiático para escapar dos atritos comerciais durante o primeiro mandato de Trump.

- Taiwan: o governo refutou os planos tarifários dos Estados Unidos e anunciou planos para iniciar "negociações sérias" com o governo norte-americano. As tarifas são "altamente irracionais" e não refletem a relação econômica e comercial real entre as duas economias. Taiwan iniciará negociações formais com os Estados Unidos. Trump impôs tarifas recíprocas abrangentes aos parceiros comerciais dos Estados Unidos, incluindo uma pesada tarifa de 32% sobre as importações de Taiwan. As tarifas, no entanto, não se aplicam a semicondutores, que constituem uma parcela significativa das exportações de Taiwan.

Taiwan atribuiu seu crescente superávit comercial com os Estados Unidos ao aumento da demanda por semicondutores e produtos relacionados de clientes norte-americanos em meio ao entusiasmo em torno da inteligência artificial, bem como às tarifas anteriores de Trump e restrições tecnológicas à China durante seu primeiro mandato. A ilha é sede do maior fabricante de chips por contrato do mundo, a TSMC, que tem as gigantes tecnológicas norte-americanas Nvidia e Apple como seus principais clientes. A TSMC responde pela maior parte da capacidade global de fabricação de semicondutores avançados.

- UE (tarifa de 20%): a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta quinta-feira (03/04) que o bloco está finalizando contramedidas para responder ao tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. Os produtos da União Europeia serão taxados em 20% ao entrar no país. Uma das contramedidas da União Europeia seria uma resposta à taxa de 25% sobre o aço importado pelos norte-americanos. Ela ressaltou a necessidade de um diálogo estratégico com os setores siderúrgico e automotivo para responder aos Estados Unidos.

A avaliação é de que a economia global “sofrerá massivamente” com as tarifas. A incerteza aumentará e desencadeará a ascensão de mais protecionismo. As consequências serão terríveis. A presidente da Comissão Europeia acrescentou que não é tarde para começar um diálogo com os Estados Unidos para remover as barreiras ao comércio. Estimativa provisória da Comissão Europeia é de que aproximadamente 380 bilhões de euros de exportações da União Europeia estarão sujeitas a tarifas adicionais.

O cálculo compreende impacto de cerca de 290 bilhões de euros pelas tarifas recíprocas, 26 bilhões de euros das tarifas sobre aço e alumínio e 67 bilhões de euros das tarifas sobre carros e peças automotivas. Isso representaria, no geral, cerca de 70% de todas as exportações da União Europeia para os Estados Unidos sujeitas a novas tarifas, resultando em aproximadamente 80 bilhões de euros em custos adicionais para exportações europeias. A relação econômica entre os Estados Unidos e o bloco europeu tem sido "mutuamente benéfica" e que ambos são os parceiros comerciais mais importantes um para o outro.

- Reino Unido (tarifa de 10%): o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou nesta quinta-feira (03/04) que reagirá com a "cabeça fria e calma" ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs uma tarifa de 10% sobre as importações provenientes do país. O premiê disse que "claramente haverá um impacto econômico" com a medida, mas que ainda espera conseguir a retirada das tarifas por meio de um acordo comercial com os Estados Unidos. As negociações sobre um acordo que fortaleça a relação comercial existente continuam. Ele reforçou que ninguém ganha em uma guerra comercial e que isso não está no nosso interesse nacional. O Reino Unido ainda espera fechar um acordo comercial para mitigar o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Mas, nada está descartado, e o governo fará todo o necessário para defender o interesse nacional do Reino Unido.

- Alemanha: o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que a Europa defende o livre comércio e que os europeus defenderão seus interesses. Os Estados Unidos anunciaram tarifa recíproca de 20% contra a União Europeia (UE). Ele afirmou que a decisão tarifária do presidente dos Estados Unidos está fundamentalmente errada. Por conta da medida, só haverá perdedores, incluindo os norte-americanos.

- França: a França está preparada para a guerra comercial e dará uma primeira resposta às tarifas norte-americanas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, até metade de abril. A estratégia é discutir primeiro e depois responder, com a primeira fase de contramedidas correspondente às tarifas sobre aço e alumínio e a segunda às tarifas recíprocas. Não há nada além de balança de poder para negociar com Trump. Foi feito alerta sobre os possíveis efeitos negativos para vários setores da indústria europeia. A escala e os produtos norte-americanos que serão afetados ainda não foram finalizados, mas tarifas sobre as big techs dos Estados Unidos (Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft) são consideradas.

- Itália: a primeira-ministra, Giorgia Meloni, descreveu as novas tarifas sobre produtos da União Europeia como “erradas”. A Itália fará o possível para trabalhar em direção a um acordo com os Estados Unidos, com o objetivo de evitar uma guerra comercial que inevitavelmente enfraqueceria o Ocidente em favor de outros atores globais.

- Suíça: o governo descreveu como incompreensíveis as tarifas comerciais impostas ao país pelos Estados Unidos e prometeu manter uma comunicação estreita com a União Europeia sobre como proceder. A presidente suíça e ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, lamentou que os Estados Unidos estivessem se afastando ainda mais do livre comércio e de uma ordem comercial baseada em regras, mas afirmou que seu governo não estava planejando medidas retaliatórias por enquanto.

- Austrália (tarifa de 10%): o primeiro-ministro, Anthony Albanese, pedirá aos Estados Unidos que isentem o país de novas tarifas sobre seus produtos, ao mesmo tempo em que sinalizou a possibilidade de recorrer a mecanismos de resolução de disputas, se necessário. O atual acordo de livre comércio com os Estados Unidos contém mecanismos de resolução de disputas. A Austrália enfrenta uma tarifa de 10% sobre suas exportações para os Estados Unidos. “Uma tarifa recíproca seria zero, não 10%”, disse o primeiro-ministro. As tarifas não têm base lógica, acrescentou. Ele descartou a possibilidade de contra tarifas sobre os produtos dos Estados Unidos, pois isso leva a preços mais altos e crescimento mais lento. É a população dos Estados Unidos que pagará o preço mais alto por essas tarifas injustificadas.

Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.