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04/Apr/2025

Imposição de tarifas ameaça setor agrícola dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (02/04) a imposição de tarifas sobre a maioria dos produtos importados pelo país, expandindo as já existentes taxas sobre automóveis, aço, alumínio e bens da China, México e Canadá. Essa medida levanta preocupações sobre retaliações de importantes importadores de produtos agrícolas dos Estados Unidos e potenciais aumentos nos preços de alimentos para os consumidores norte-americanos. Economistas advertem que os consumidores dos Estados Unidos podem enfrentar preços mais altos em uma variedade de alimentos, incluindo carnes, laticínios, abacates e frutas e vegetais frescos.

As tarifas retaliatórias de países como China, Canadá e México representam uma ameaça para o setor de exportação agrícola dos Estados Unidos, que movimentou US$ 191 bilhões. Esses países são três dos principais mercados para produtos agrícolas norte-americanos, importando um total de US$ 91 bilhões em produtos agrícolas e relacionados dos Estados Unidos em 2024. As tarifas retaliatórias impostas durante o primeiro mandato de Trump resultaram em aproximadamente US$ 27 bilhões em perdas nas exportações agrícolas dos Estados Unidos, segundo o Rabobank. As exportações de soja, o principal produto agrícola de exportação dos Estados Unidos em valor, bem como as de milho, trigo e carne, estão particularmente vulneráveis a tarifas retaliatórias. Riscos para Exportações Agrícolas dos Estados Unidos:

- Soja: as exportações totalizaram US$ 24,5 bilhões em 2024, uma queda em relação aos US$ 27,7 bilhões em 2023 e o recorde de US$ 34,4 bilhões em 2022. A China continua sendo o principal mercado, importando US$ 12,8 bilhões em soja norte-americana em 2024, seguida pelo México (US$ 2,3 bilhões) e Indonésia (US$ 1,3 bilhão). As tensões comerciais com a China em 2018 causaram uma forte queda nas exportações de soja dos Estados Unidos, atingindo o menor nível em nove anos.

- Milho: as exportações de milho dos Estados Unidos para todos os destinos aumentaram para US$ 13,9 bilhões em 2024, acima da mínima de US$ 13,1 bilhões em 2023, mas abaixo do recorde de US$ 18,6 bilhões em 2021. As exportações totais, em valor, aumentaram 6% em relação ao ano anterior, com maiores remessas para o México (US$ 5,6 bilhões), Japão (US$ 2,8 bilhões) e Colômbia (US$ 1,6 bilhão) compensando uma queda de 80% nas exportações para a China.

- Trigo: as exportações de trigo dos Estados Unidos para todos os compradores globais caíram 2%, para US$ 5,9 bilhões em 2024, sob pressão da oferta russa de menor preço. Os principais mercados de exportação para o trigo dos Estados Unidos em 2024 foram o México (US$ 1,05 bilhão), Filipinas (US$ 735,7 milhões) e Japão (US$ 582,8 milhões).

- Carne Bovina: as exportações de carne bovina e produtos derivados totalizaram quase US$ 10,5 bilhões em 2024, um aumento de 5% em relação a 2023, impulsionadas pelos preços mais altos da carne bovina devido à oferta interna limitada. Os principais mercados de exportação para a carne bovina dos Estados Unidos em 2024 foram a Coreia do Sul (US$ 2,2 bilhões), Japão (US$ 1,9 bilhão) e China (US$ 1,6 bilhão).

- Carne Suína: as exportações de carne suína e produtos suínos dos Estados Unidos totalizaram mais de US$ 8,6 bilhões em 2024, um aumento de 6% em relação ao ano anterior, à medida que os consumidores buscaram alternativas mais baratas à carne bovina e a oferta doméstica diminuiu. Os principais mercados de exportação para a carne suína dos Estados Unidos em 2024 foram o México (US$ 2,6 bilhões), Japão (US$ 1,4 bilhão) e China (US$ 1,1 bilhão).

- Importações Agrícolas dos Estados Unidos: os Estados Unidos importaram um recorde de US$ 214,1 bilhões em produtos agrícolas de fornecedores globais em 2024, um aumento de 9% em relação ao ano anterior. Os principais produtos agrícolas importados pelos Estados Unidos em 2024, por valor, foram: Produtos de panificação, massas, cereais (US$ 14,9 bilhões); Frutas e vegetais processados (US$ 13,6 bilhões); Vegetais frescos (US$ 13,4 bilhões); Frutas e bagas frescas (US$ 13,4 bilhões); Óleos vegetais (US$ 12,6 bilhões); Produtos de carne bovina (US$ 11,7 bilhões); Café (US$ 6,6 bilhões); Açúcares e adoçantes (US$ 5,4 bilhões); Produtos lácteos (US$ 5,4 bilhões); Chocolate e produtos de cacau (US$ 4,8 bilhões).

O governo dos Estados Unidos ainda deve levar meses para tomar uma decisão sobre pagamentos a agricultores que venham a ser afetados pela política comercial do presidente Donald Trump. A série de tarifas abrangentes foram recebidas com preocupação pelo setor agrícola e por consumidores, já que podem afetar as exportações dos Estados Unidos e resultar em preços mais altos de alimentos. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), deve levar meses para compreender se há retaliação tarifária significativa de outros países que prejudique agricultores norte-americanos e que a agência precise mitigar. Durante a última guerra comercial com a China, foi decidido entre quatro e seis meses depois, que alguns desses agricultores foram prejudicados. Isso levará meses. Quanto aos preços de alimentos, de fato as tarifas vão causar alguma incerteza no mercado, mas visão de Trump é de que os preços vão acabar caindo. Fontes: Reuters e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.