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04/Apr/2025

EUA: riscos complementares da política comercial

A Verde Asset afirmou que existe um risco de cauda, ou 'tail risk', das consequências globais da nova política comercial dos Estados Unidos. Os mercados não estão precificando esse `tail risk'’. Um dos maiores riscos é o rigor da resposta de alguns grandes exportadores para os Estados Unidos. Se a China decidir retaliar com uma suspensão do fornecimento de mercadorias e insumos para o mercado norte-americano, algumas cadeias produtivas nos Estados Unidos irão parar. Nesse atual cenário, só dois ativos servem de proteção: o ouro e o bitcoin. Diferentemente do metal, o bitcoin tem uma correlação grande com outros mercados, como o de ações. Não à toa, portanto, os contratos do metal precioso tiveram retornos maiores e mais consistentes que a criptomoeda desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

O rigor punitivo da nova política comercial condiz com o ideário do republicano desde jovem, como a crença de que os Estados Unidos são escorchados pelo restante do mundo, e com o estilo de negociador. Trump acredita que o único jeito de reequilibrar os grandes déficits comerciais do país é tarifar os países exportadores e aumentar a receita com as tarifas. Donald Trump anunciou "tudo o que tem de pior" para, a partir dessas condições, começar a negociar. Mas, isso não quer dizer que ele vai negociar e que as tarifas vão para zero. Podem melhorar um pouco. O problema é que, antes de melhorar, o cenário pode piorar.

A forma de atuação do presidente norte-americano denota que Donald Trump não acredita na política em que ele e seus interlocutores podem ter ganhos em uma relação. O Trump não acredita na política do `win-win'. Ele acredita no `win-lose': ele ganha, o outro perde. A União Europeia e a China não devem retaliar fortemente as tarifas recíprocas dos Estados Unidos agora, mas se bater no Produto Interno Bruto (PIB) dos países, as respostas devem vir maiores. Quando guerras comerciais começam, sempre é só o começo de algo maior. O cenário é de cautela. Além disso, deve haver um período de renegociação de tarifas, mas que elas não chegarão a 0%. Na margem, pode melhorar, mas antes de melhorar pode piorar. É um ambiente novo e difícil.

A Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex) entende que a pressão interna que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai sofrer, quando a inflação norte-americana começar a assimilar os impactos do tarifaço, será tão intensa que ele vai mais uma vez retroceder na agressividade com os países comercialmente parceiros dos Estados Unidos. Não é primeira vez que o presidente norte-americano abre guerra com o mundo no campo do comércio exterior, que já o fez no seu primeiro mandato, mas que por força da pressão interna teve que voltar atrás e negociar separadamente com um por um dos parceiros. Donald Trump está sendo muito agressivo, mas isso não vai ser nada bom para os Estados Unidos.

Ele vai sofrer tanta pressão quando a inflação subir e o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ficar sem condições de baixar juro que vai ter que retroceder nessa agressividade toda. É importante que o Brasil monitore a situação, mas não há tanta preocupação essa guerra comercial global deflagrada por Trump porque o volume de comércio entre os dois países não é tão grande e também porque, mesmo sendo um volume pequeno, os Estados Unidos têm superávit comercial na corrente de comércio com o Brasil. Além disso, no segmento em que os Estados Unidos mais concorrem com o Brasil, na agricultura, os mercados compradores podem vir a retaliar os produtos norte-americanos o que abriria mais mercados para o Brasil. O Brasil, como já fez no governo anterior de Trump, pode ganhar ainda mais mercado nos países asiáticos, principalmente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.