04/Apr/2025
Se, por um lado, analistas entendem que "ficou barato para o Brasil" a tarifa de 10% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por outro, os investidores estão enxergando um cenário que pode ser bastante negativo para a economia global após o que foi chamado pelo republicano de "Dia da Libertação". Não por acaso os futuros da Bolsa de Nova York chegam a tombar mais de 4%, enquanto o EWZ, principal ETF brasileiro listado nos Estados Unidos, perde menos, cerca de 2%. Na corrida pela segurança, iene e franco suíço ganham terreno ante o dólar. O 'X' da questão nestes movimentos não está no que as tarifas significam individualmente para cada país, mas sim no risco que elas podem representar para a economia norte-americana: recessão, acompanhada de aumento de preços. E se a maior potência global sofre, todos pagam a conta de alguma forma, para muito além das tarifas.
Segundo o Banco Inter, a reação do mercado aponta que a visão é de que as tarifas colocarão a economia norte-americana em direção à recessão. Para a MB Associados, Donald Trump demonstra uma falta de entendimento muito grande sobre os efeitos do tarifaço para os norte-americanos. Trump não tem noção do tamanho desse risco e o que significa em termos de bem-estar. A consultoria deVere Group considera que Donald Trump está vendendo para a população uma "ilusão econômica". Mas, a economia global funciona com a realidade, e a realidade é que isso provavelmente causará danos em uma escala que não pode ser evitada. Um dos danos é o inevitável repasse ao consumidor final do aumento de custo e, por consequência, do mundo todo, o que embaralha o plano de voo do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e dos principais bancos centrais do mundo. O caso do Fed é emblemático, uma vez que o banco central norte-americano tem duplo mandato (inflação sob controle e máximo emprego).
Se os dirigentes observam o lado inflacionário, teoricamente os juros teriam que se manter mais próximos dos níveis atuais. É a aposta, por exemplo, de casas como o banco ING e a consultoria Capital Economics. Mas, na avaliação da Warren Investimentos, a desaceleração da economia norte-americana abre a possibilidade de o Fed voltar a cortar juros em prazo mais curto, fator que seria de alívio para o dólar globalmente. O mercado está precificando três cortes pelo Fed para este ano. Com isso, possivelmente o dólar ficará mais fraco. Se vier mesmo o alívio monetário nos Estados Unidos, com pelo menos mais uma elevação da Selic "contratada" no Brasil, o diferencial entre os juros internos e externos ficará maior. Em tese, é favorável ao Real ante o dólar. Analistas atribuem parte da valorização da moeda brasileira ao custo elevado do carregamento de posições compradas em dólar. Para a Monte Bravo, o diferencial de juro é favorável à moeda, mas o Real não vai conseguir ficar alheio a um movimento estrutural de aversão ao risco.
De acordo com o Banco Pine, os cálculos são ainda preliminares, mas, as tarifas às importações norte-americanas anunciadas pelo presidente Donald Trump devem retirar quase 1% do PIB dos Estados Unidos. O grau de incerteza com a relação ao impacto das tarifas no PIB global é muito grande e qualquer estimativa agora seria muito precária. Mas, para os Estados Unidos, a estimativa é um pouco menos precária: exercício bem preliminar mostra que as tarifas devem retirar quase 1% de crescimento e adicionar inflação potencialmente em 1,5% a 2,0%. O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump, são parte de uma "mudança" e que elas tornarão o comércio com outros países "mais justo".
De acordo com Lutnick, a tarifa básica de 10% anunciada para todos os países, que passará a valer a partir de sábado, dia 5 de abril, é para que as nações entendam que precisam dos Estados Unidos. A Rússia não foi mencionada na lista de tarifas porque os Estados Unidos país já possuem sanções contra os russos. O secretário defendeu a tarifa de 20% contra a China pode cair, caso o presidente chinês, Xi Jinping, ofereça cortes no fentanil. Ele ainda defendeu que não há motivos para os países retaliarem as tarifas norte-americanas, já que os Estados Unidos são "o maior parceiro comercial" e projetou um grande crescimento doméstico, além de mais empresas no país. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.