02/Apr/2025
O BTG Pactual avalia que o Brasil pode ser diretamente afetado caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decida aplicar tarifas generalizadas a setores específicos da economia. Além disso, caso os critérios para a taxação incluam países com barreiras comerciais superiores às norte-americanas, o País seguirá na mira da política comercial de Donald Trump. No entanto, caso as medidas sejam direcionadas apenas aos países com os quais os Estados Unidos têm grandes déficits comerciais ou que tenham participação relevante no comércio norte-americano, o Brasil provavelmente não seria impactado inicialmente.
A tarifa média ponderada pelo volume de importações do Brasil é cerca de 5,8%, contra cerca de 1,3% dos Estados Unidos. Em relação às barreiras não tarifárias (BNT), a discrepância é maior: o Brasil tem um índice de BNT (Coverage Ratio) de 86%, acima dos Estados Unidos (77%) e da média internacional (72%). O protecionismo brasileiro decorre sobretudo do uso de barreiras não tarifárias, mais do que das tarifas. Setores brasileiros com alta exposição ao mercado norte-americano tendem a ser mais prejudicados, como de aeronaves, materiais de construção, etanol e madeira e derivados. No entanto, a diversificação da pauta de exportação brasileira limita o efeito geral sobre a balança comercial caso as tarifas sejam impostas a determinados setores.
Em um cenário de tarifa média similar a que o Brasil impõe aos Estados Unidos (5,8%), a estimativa de perda é de cerca de US$ 3 bilhões na balança comercial, podendo ultrapassar US$ 10 bilhões em 2026 no caso de tarifa linear de 25%. Estudos indicam que barreiras sanitárias e fitossanitárias do Brasil equivalem a tarifas médias de 20% a 40%, dependendo do setor. O risco é a imposição de tarifas muito acima da média tarifária brasileira (5,8%) para compensar barreiras regulatórias. Caso o Brasil venha a ser obrigado a reduzir barreiras não tarifárias, setores intensivos em uso de insumos básicos e aqueles relacionados ao vestuário, maquinário e produtos semimanufaturados seriam os mais pressionados e potencialmente prejudicados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.