02/Apr/2025
A Representação de Comércio dos Estados Unidos (USTR) divulgou detalhes das barreiras comerciais enfrentadas pelo país. Em relação ao Canadá, que faz parte do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), o órgão constata que os Estados Unidos continuam preocupados com possíveis ações canadenses que limitariam ainda mais as exportações de laticínios, monitorando de perto qualquer reclassificação tarifária. O documento também cita as barreiras de acesso ao mercado impostas pelos conselhos provinciais canadenses, que dificultam as exportações de vinho, cerveja e destilados dos Estados Unidos. Sobre energia, o Operador do Sistema Elétrico de Alberta (AESO) forneceu pontos de acesso separados e desiguais ao mercado de energia de Alberta para os produtores de energia de Montana e propôs taxas adicionais e outras restrições à energia importada. O documento ainda questiona as altas taxas para exportadores norte-americanos de queijo, vegetais e serviços de audiovisual e streaming.
Os Estados Unidos e os países membros da União Europeia (UE) compartilham a maior relação econômica do mundo, mas os bens e serviços produzidos pelos norte-americanos enfrentam barreiras persistentes para entrar e manter o acesso a determinados setores do bloco continental, o que limita as oportunidades dos trabalhadores e das empresas de se beneficiarem do comércio transatlântico. O relatório critica o fato de o bloco europeu não administrar suas leis por meio de uma única administração alfandegária. Em vez disso, há agências separadas responsáveis pela legislação em cada Estado membro. Portanto, é difícil garantir que as regras e decisões sobre classificação, valoração, origem e procedimentos alfandegários sejam aplicadas uniformemente, e as exportações dos Estados Unidos sofrem com a aplicação desigual e inconsistente dessas exigências.
Além disso, os exportadores dos Estados Unidos enfrentam uma proliferação de barreiras técnicas ao comércio, atribuíveis, em parte, a aspectos dos processos regulatórios da União Europeia, sem notificação adequada ou oportunidade de incorporar comentários públicos significativos dos parceiros comerciais. Embora as tarifas do bloco sejam geralmente baixas para produtos não agrícolas, algumas são altas, como taxas de até 26% para peixes e frutos do mar, 22% para caminhões, 14% para bicicletas, 10% para veículos de passeio e 6,5% para fertilizantes e plásticos. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o bloco tem um "plano forte" para retaliar as tarifas norte-americanas, se necessário. A Europa não começou este confronto, e afirmou que seria melhor encontrar uma solução construtiva. O bloco europeu irá analisar "cuidadosamente" os anúncios das tarifas recíprocas, previstos para esta quarta-feira (02/04), para calibrar a resposta aos Estados Unidos, sob o objetivo de encontrar uma "solução negociada" e proteger os interesses europeus.
A estratégia europeia é primeiro tentar a negociação e utilizar as "cartas" europeias, como o tamanho do mercado local e a possibilidade de contramedidas firmes. Em segundo e terceiro lugar, o bloco trabalhará para diversificar parcerias comerciais com outros países e para fortalecer o Mercado Único Europeu, medidas que a União Europeia espera que possam resultar em "catalisadores poderosos" para o crescimento econômico. Ela alertou que as tarifas serão pagas pela população e vão apenas alimentar a inflação. É exatamente o oposto do objetivo. O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, confirmou que o país implantará medidas retaliatórias contra os Estados Unidos se houver novas sanções e tarifas contra os canadenses nesta quarta-feira (02/04). Ele afirmou que será bem direto e deliberado em relação às medidas que tomará para "lutar pelo Canadá". Carney voltou a afirmar que as medidas que deve tomar terão impacto mínimo aos canadenses e máximo aos norte-americanos.
Já Israel aprovou nesta terça-feira (1º/04) a eliminação de todas as tarifas sobre importações de bens dos Estados Unidos. Os Estados Unidos são descritos como o "aliado mais próximo" e o "parceiro comercial mais significativo" de Israel. Cerca de 99% dos produtos norte-americanos já eram livres de tarifas, dentro do escopo do acordo comercial EUA-Israel, e a isenção completa deve beneficiar apenas um número limitado de produtos, principalmente alimentos e importações para agricultura. A decisão de isentar bens norte-americanos ocorreu na véspera do anúncio das tarifas recíprocas "contra todos os países" prometidas pelo presidente Donald Trump, como resposta ao que o republicano classifica como "tratamento injusto" em relações comerciais.
Donald Trump alega que outros países possuem tarifas muito superiores às dos Estados Unidos, além de outras medidas que seriam responsáveis por aprofundar o déficit fiscal norte-americano. Em 2024, as exportações de bens israelenses para os Estados Unidos foram calculadas em US$ 17,3 bilhões e as de serviços são estimadas em US$ 16,7 bilhões. A redução das tarifas levará a expansão do acordo comercial EUA-Israel e fortalecerá relações estratégicas bilaterais, além de conter promessas aos consumidores israelenses de reduzir o custo de vida como possível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.