01/Apr/2025
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento do Brasil e do mundo em 2025 e 2026 em seu primeiro boletim de perspectivas econômicas após a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos. Sob o título “Steering through Uncertainty (Navegando em Incertezas)”, o relatório prevê que o crescimento global baixará de 3,2%, em 2024, para 3,1% em 2025 e 3,0% em 2026. Para o Brasil, foi reduzida de 2,3% para 2,1% a estimativa de crescimento em 2025, e de 1,9% para 1,4% em 2026, especificamente com o impacto das tarifas mais altas sobre as exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos e um maior aperto da política monetária.
A nova era de barreiras comerciais iniciada pelos Estados Unidos, com a adoção reativa de medidas restritivas mundo afora, tende a afetar de forma generalizada a velocidade de crescimento e a ampliar o risco de alta da inflação e de juros. Os Estados Unidos tiveram expectativa de crescimento reduzida de 2,4% para 2,2% neste ano e para 1,6% em 2026; Canadá e México, na linha de frente dos países atingidos pela política restritiva de Donald Trump, sofreram baixas expressivas. Para o Canadá, a projeção baixou de 2,0% para 0,7% em 2025; no caso do México, há risco de recessão com queda de 1,3% neste ano e de 0,6% em 2026 (em dezembro a previsão era de alta de 1,2% neste ano e de 1,6% no próximo ano).
A OCDE, um dos organismos internacionais mais respeitados na efetivação de padrões econômicos globais, alertou para os riscos substanciais que o alto nível de incertezas geopolíticas traz para a base de projeções. Para o cenário brasileiro, a perspectiva é de que a inflação suba 5,4% neste ano. Para 2026, a OCDE prevê 5,3%. As previsões estão muito acima do padrão fixado pelo governo para a inflação, com meta de 3% ao ano e um limite máximo de tolerância de 1,5% (4,5%). O Brasil e o mundo estão diante de um biênio desafiador, em que um eventual acirramento da guerra comercial, assim como a indefinição em torno das guerras de fato travadas no Leste Europeu e no Oriente Médio, dificulta a previsibilidade dos cenários.
O relatório da OCDE faz uma simulação na qual tarifas bilaterais são elevadas continuamente em mais de 10%: o crescimento global pode cair em cerca de 0,3% no terceiro ano e a inflação pode aumentar em 0,4% por ano, em média, nos primeiros três anos. Um recuo acentuado para um movimento global. Num momento como o atual, o Brasil, que desde 2017 tenta ingressar na OCDE e há dois anos e meio recebeu da organização aval para iniciar o processo de adesão, deve redobrar a atenção aos sinais que vêm de fora e manter disciplina na condução da economia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.