01/Apr/2025
Nos Estados Unidos, o governo Donald Trump está se esforçando para determinar os detalhes da nova agenda comercial antes desta quarta-feira (02/04), e ponderando opções, em meio às promessas de refazer a economia norte-americana com uma série de novas tarifas. Um ponto-chave do debate é se o país deverá impor tarifas individualizadas para parceiros comerciais dos Nos Estados Unidos, como o presidente previu nas últimas semanas, ou voltar à sua promessa de campanha para uma tarifa geral que afetaria virtualmente todas as nações que fazem negócios com os Nos Estados Unidos. Trump passou a maior parte da semana passada minimizando as expectativas para seu chamado plano de tarifas recíprocas em 2 de abril, dizendo repetidamente que seria "mais gentil" do que suas promessas anteriores de igualar as tarifas dos Nos Estados Unidos com as cobradas por outras nações e consideraria isentar algumas nações de tarifas completamente. Mas, nos últimos dias, Trump pressionou sua equipe a ser mais agressiva, encorajando-os a elaborar planos que aplicariam taxas mais altas de tarifas em um conjunto mais amplo de nações.
Exatamente como isso acontecerá ainda não está claro. Nos últimos dias, os assessores consideraram impor tarifas globais de até 20% que atingiriam praticamente todos os parceiros comerciais dos Nos Estados Unidos. Donald Trump e sua equipe promoveram esse plano durante meses na campanha eleitoral, antes que o presidente o abandonasse publicamente em favor de um chamado plano de tarifas recíprocas que significaria "o que eles cobram de nós, nós cobramos deles", como o presidente afirmou. Esse plano recíproco ainda está na mesa. Donald Trump afirmou que não serão apenas 10 ou 15 nações que serão atingidas pelas tarifas recíprocas, mas sim "todos os países". É esperado que essas tarifas entrem em vigor na quarta-feira (02/04). "Começaremos com todos os países, vamos ver o que acontece", disse. "Se você olhar o histórico e o que aconteceu com a gente, ninguém nos tratou de maneira justa ou bacana", acrescentou ao mencionar, em especial, a "difícil" relação comercial com os países da Ásia. Segundo Trump, os Estados Unidos tratarão os países de maneira "muito mais generosa".
Segundo pesquisa YouGov/CBS News realizada entre 24 e 26 de março com 2.351 adultos, seis em cada dez norte-americanos consideram que a economia dos Estados Unidos está ruim. O levantamento mostra que 40% dos entrevistados consideram a condição econômica atual dos Nos Estados Unidos como “mais ou menos ruim” e outros 20% a consideram “muito ruim”. Os que consideram que a economia norte-americana está “mais ou menos bem” são 29%, e apenas 4% veem as condições econômicas do país como “muito boas”. Olhando para a frente, mais da metade dos entrevistados (51%) avaliam que a economia está piorando, e 26% acreditam que ela está melhorando, enquanto 23% preveem que as condições atuais devem se manter. Dentre os itens mais importantes para os entrevistados na conjuntura atual, a inflação se destaca. Mais de 90% citaram preços dos alimentos e serviços como o fator preponderante para avaliar a saúde da economia, enquanto 70% citaram o preço da gasolina. Logo depois vieram o mercado imobiliário, com 57% das citações, e a taxa de juros, com 56%.
A pesquisa aponta que 72% dos norte-americanos esperam aumento de preços no curto prazo devido à política tarifária de Trump, e 47% veem impacto inflacionário no longo prazo. Apenas 5% dos entrevistados veem impacto deflacionário das tarifas no curto prazo, e 29% no longo prazo. Segundo o levantamento, 55% dos entrevistados afirmaram que o governo Trump está “focando muito” em aplicar tarifas, enquanto 64% pensam que a administração norte-americana não está focando o suficiente em baixar os preços da economia. As expectativas de impacto das políticas econômicas do governo Trump pioraram em relação ao levantamento realizado em janeiro. De acordo com a pesquisa, 42% dos entrevistados avaliam que as medidas da administração republicana estão piorando sua vida financeira, e apenas 23% veem suas condições melhorando. Em janeiro, o levantamento mostrava 28% e 42%, respectivamente.
De acordo com o Goldman Sachs, a perspectiva de uma escalada radical na guerra comercial global nos próximos dias quase dobrou a probabilidade de uma recessão na economia dos Estados Unidos nos próximos doze meses para cerca de 35%. O Goldman Sachs elevou sua previsão para a inflação norte-americana neste ano e afirmou que prevê três cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) até dezembro. A atualização da estimativa anterior de 20% (de uma recessão nos Estados Unidos) reflete o cenário-base de crescimento mais baixo, a forte deterioração recente na confiança das famílias e dos negócios e declarações de autoridades do governo indicando maior disposição para tolerar a fraqueza econômica de curto prazo na busca de suas políticas. Analistas esperam que Trump anuncie tarifas recíprocas de, em média, 15% a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos nesta semana, embora as exclusões de produtos e países possam, em última análise, reduzir esse percentual.
A perspectiva para o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida preferida de inflação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), foi elevada. A projeção agora é de 3,5% para o PCE no final do ano, enquanto a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano caiu para 1,0%. A desaceleração esperada na economia dos Estados Unidos também levou o Goldman Sachs a aumentar sua previsão de taxa de desemprego para o final do ano para 4,5%. O banco prevê ainda três cortes consecutivos de juros este ano (em julho, setembro e novembro). Isso deixa sua previsão de taxa terminal para os Fed Funds inalterada em 3,50% a 3,75%. Embora a liderança do Fed tenha minimizado o aumento nas expectativas de inflação até agora, isso eleva o nível para cortes de taxas e, em particular, coloca maior ênfase em um aumento potencial na taxa de desemprego como justificativa para cortes.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não quer que as empresas norte-americanas apenas sobrevivam, mas quer que elas prosperem com a entrada em vigor das tarifas recíprocas nesta quarta-feira (02/04). O presidente Trump vai garantir a reciprocidade e os outros países ‘vão sentir na pele’ o que eles têm feito com os Estados Unidos nos últimos anos, declarou a porta-voz. Além das tarifas, o governo também está empenhado em estender os cortes de impostos para a população, alinhando essa medida à nova política comercial. Donald Trump já afirmou anteriormente que pretende usar as tarifas aplicadas a outros países para cobrir gastos federais e viabilizar "grandes cortes" de impostos.
Ela também destacou que o presidente tem conseguido reduzir a inflação nos Estados Unidos. Os membros do governo estão focados neste mandato. Ainda há quase quatro anos pela frente. “Depois pensamos em outro mandato", disse ela. A declaração surge após Donald Trump sugerir que poderia tentar um terceiro mandato, algo proibido pela Constituição dos Estados Unidos. Ela descartou isenções tarifárias para agricultores no momento, e reforçou que Trump está comprometido com tarifas setoriais. O presidente detalhará as tarifas nesta quarta-feira (02/04), em evento no Jardim das Rosas com seu gabinete. "Qualquer país que tenha tratado os Estados Unidos de forma injusta pode esperar receber uma tarifa", finalizou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.