31/Mar/2025
Segundo o Ministério da Fazenda, apesar do impacto das tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, os países do Brics não têm usado as reuniões técnicas do bloco para alinhar uma reação coordenada contra a política comercial que está sendo implementada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Primeiro, ainda não se sabe o que vai ser implementado. Segundo, cada membro do Brics tem o seu relacionamento com os norte-americanos. O Brics não é um corpo homogêneo, unificado. Tem perspectivas diversas, nuances e interesses às vezes divergentes. Embora as medidas de Donald Trump não estejam na pauta das reuniões do bloco, é possível que a cúpula do Brics termine com a defesa do livre comércio no comunicado do grupo.
O encontro dos chefes de Estado está previsto para o começo de julho, no Rio Janeiro (RJ). O que pode ocorrer, e já ocorria nos anos anteriores, são declarações em defesa do sistema multilateral de comércio, da Organização Mundial do Comércio (OMC), de um comércio livre, mais aberto. Isso, sem dúvida. Mas, reações coordenadas não estão sendo cogitadas. O Brics não está engajado num debate sobre a criação de uma moeda comum alternativa ao dólar para as transações comerciais entre os países. Não há discussão para uma moeda comum. Sugerida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a criação de uma moeda comum para facilitar o comércio entre as nações emergentes é repreendida por Trump, que já prometeu aplicar tarifas de 100% caso o Brics insista na iniciativa.
A facilitação do comércio e dos investimentos entre os países, o que passa pelos meios de pagamento, o financiamento climático e a coordenação da atuação dos membros em organismos financeiros internacionais estão entre os temas prioritários do Brics. Fazem parte da agenda: mecanismo de facilitação das trocas de mensagens entre intermediários financeiros; a criação de mecanismos de garantias para financiamentos entre os países, com a participação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, o “banco do Brics, comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff), ou de outros bancos; e discussões sobre a economia global.
Além dos membros originais (Brasil, Rússia, Índia e China) e da África do Sul, que entrou em 2011, fazem parte hoje do Brics outras seis economias: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia. A expansão do grupo foi definida em 2023, durante a cúpula de Johanesburgo, na África do Sul. A expansão do Brics ampliou o alcance do bloco, mas aumentou o desafio de convergência entre seus membros. Ter convergência entre cinco países grandes e importantes já é difícil. Agora, a tarefa ficou ainda mais desafiadora. No G20, foi possível, uma referência à experiência do ano passado, quando o Brasil presidiu o grupo das 20 maiores economias do mundo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.