31/Mar/2025
Segundo a High Frequency Economics (HFE), a alta de 0,4% nos gastos com consumo dos Estados Unidos em fevereiro é quase insuficiente para reverter a queda de 0,3% registrada em janeiro, o que sugere estabilidade do indicador no primeiro bimestre em relação ao fim do ano passado. O problema está no fato de que os gastos com consumo têm impulsionado o crescimento econômico norte-americano e sua fraqueza amplia o risco de recessão do PIB no curto prazo. Há risco de contração econômica já no primeiro trimestre. As tarifas formam um risco adicional para todas as projeções e, se confirmadas, devem pesar sobre o PIB e manter métricas de inflação elevadas por pelo menos um ano.
Sem as tarifas, o PIB dos Estados Unidos desacelera consideravelmente no segundo trimestre, mas não há recessão. Segundo o ING, a combinação de inflação alta e consumo em desaceleração nos Estados Unidos tende a se intensificar com as medidas agressivas do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre tarifas e cortes de gastos públicos. Os temores de estagflação estão aumentando e devem limitar a capacidade do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de cortar juros ainda mais. Os dados mais recentes do índice de preços de gastos com consumo (PCE) só reforçam esse cenário. Os Estados Unidos estão indo na direção errada, e o risco é que as tarifas elevem ainda mais os preços, mantendo a inflação alta. Isso limitará a capacidade do Fed de cortar juros.
O temor de perda de poder de compra devido às tarifas e as preocupações com empregos, ligadas às medidas do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), derrubaram o sentimento do consumidor. Isso parece estar se traduzindo em um consumo muito mais fraco. O presidente do Fed, Jerome Powell, minimizou essa narrativa no início do mês, mas o ING acredita que a próxima fala dele, nesta semana, pode trazer mudanças de tom. Enquanto isso, o ING prevê revisões para baixo nas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre.
Com o consumo real quase estável em março ante fevereiro, o gasto do consumidor no trimestre ficará em -0,1% anualizado, o primeiro resultado negativo desde o segundo trimestre de 2020, no auge da pandemia. Com números ruins também no comércio exterior, há o risco de um PIB negativo no primeiro trimestre. À medida que o mercado se prepara para o "dia da liberação" em 2 de abril, com as tarifas recíprocas, e, depois, para o relatório de empregos (payroll) e o discurso de Powell, a expectativa é de uma semana volátil. Tudo isso prepara o terreno para fortes oscilações nos mercados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.