28/Mar/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (26/03) que vai impor tarifas de 25% sobre automóveis fabricados no exterior e exportados para os Estados Unidos, bem como sobre itens como motores, transmissões e componentes elétricos. A sobretaxa vai entrar em vigor em 3 de abril e valerá para carros de passeio e caminhões acabados que são enviados para os Estados Unidos, incluindo marcas norte-americanas cujos automóveis são montados no exterior. Para analistas, as tarifas podem elevar significativamente os preços para os consumidores norte-americanos. Dados da empresa de pesquisa Wall Street Bernstein mostram que quase metade de todos os veículos vendidos nos Estados Unidos é importada. Além disso, aproximadamente 60% das peças usadas em veículos montados no país também vêm do exterior.
A indústria automobilística é uma grande empregadora nos Estados Unidos, mas depende muito de peças estrangeiras. As montadoras também estruturaram suas cadeias de suprimentos para atravessar as fronteiras com o Canadá e o México. E os carros costumam ser a maior compra para as famílias norte-americanas, o que significa que os custos adicionais das tarifas podem pesar muito sobre os consumidores. O anúncio feito por Donald Trump teve efeito imediato no mercado. As ações das montadoras norte-americanas passaram a recuar no chamado “after hours” (após o horário regular de negociação) nas Bolsas de Nova York, com quedas de até 5% (no caso da General Motors). Donald Trump afirmou que o movimento tem o objetivo de pressionar as empresas a estabelecerem mais fábricas nos Estados Unidos.
Trump também planeja introduzir mais impostos em 2 de abril, quando anunciará “tarifas recíprocas” que correspondem a tarifas e barreiras comerciais que outros países impõem às exportações norte-americanas. Mas, essas tarifas podem perturbar as cadeias de fornecimento para os fabricantes de automóveis, esfriar seus investimentos e aumentar os custos para os consumidores em milhares de dólares. O Autos Drive America, grupo que representa as operações nos Estados Unidos de fabricantes de automóveis internacionais, afirmou que as tarifas de automóveis aumentariam os preços em um momento desconfortável para os consumidores, que ainda estão se recuperando da alta inflação. As tarifas impostas tornarão mais caro produzir e vender carros nos Estados Unidos, levando a preços mais altos, menos opções para os consumidores e menos empregos de manufatura nos Estados Unidos. A medida também poderia provocar mais confrontos comerciais com países estrangeiros, particularmente com países da Europa, do Japão e da Coreia do Sul, cujas empresas enviam muitos carros para os Estados Unidos.
Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas sobre as exportações automotivas europeias. Ela também afirmou que a Europa avaliará este anúncio, juntamente com outras medidas que os Estados Unidos estão prevendo nos próximos dias e que continuará a buscar uma solução negociada. O anúncio da tarifa representa uma má notícia para a Europa, cujas montadoras exportaram mais de US$ 41 bilhões (o equivalente a R$ 235,3 bilhões) em carros para os Estados Unidos no último ano, bem como para o Japão e a Coreia do Sul, cujas empresas enviam mais de 1 milhão de carros para o mercado norte-americano todos os anos. No Canadá, as tarifas de 25% foram recebidas com ameaças de retaliação. O primeiro-ministro de Ontário (a província que abriga a indústria automotiva canadense), Doug Ford, disse que iria “garantir infligir o máximo de dor possível ao povo norte-americano”.
Já o premiê do Canadá, Mark Carney, convocou uma reunião do seu gabinete para discutir o assunto e mencionou diversas opções retaliatórias. O governo do Japão alertou nesta quinta-feira (27/03), que as tarifas anunciadas por Donald Trump, sobre importações de veículos terão um impacto significativo no relacionamento comercial dos dois países e na economia global. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, informou que seu governo está estudando "medidas apropriadas" em resposta à decisão de Trump. O governo do Japão chamou a atitude do governo norte-americano de "extremamente lamentável" e alertou sobre os impactos no sistema de comércio multilateral, acrescentando que pediu aos Estados Unidos que excluam os produtos japoneses da medida. Os veículos representaram cerca de um terço dos 21,3 trilhões de ienes (US$ 142 bilhões) em exportações do Japão para os Estados Unidos em 2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.