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26/Mar/2025

Brics: Brasil vai focar no financiamento climático

A secretária de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda e coordenadora da trilha financeira da presidência brasileira nos Brics, Tatiana Rosito, afirmou que a gestão brasileira não vai buscar ampliar os compromissos dos 11 países-membros com financiamento climático, mas sim criar consensos para uma atuação conjunta extrabloco que garantam US$ 1,3 trilhão de financiamento público e privado nessa frente. Não se discute ampliar NDCs (contribuições nacionalmente determinadas), nem contribuições voluntárias. O que está em discussão nos Brics é construir convergências sobre a mobilização de recursos públicos e privados para chegar a US$ 1,3 trilhão externo, recursos preponderantemente de países desenvolvidos, públicos ou concessionais.

O financiamento climático aparece como um dos seis objetivos da trilha de finanças da gestão brasileira do grupo e inaugura discussão pouco usual dentro do bloco. O Brasil está buscando uma agenda mais ousada, até por estar na presidência do Brics e da COP30. Já há posicionamentos convergentes dentro do bloco nesta seara, mas a ampliação será importante para negociações que devem acontecer dentro da COP30, que acontece em outubro, em Belém (PA). Destaque para discussão sobre a origem e os recursos e apoio financeiro a projetos de infraestruturas resilientes às mudanças climáticas, que aparece de forma mais destacada no quarto objetivo da trilha, de "avançar no diálogo intra-Brics e na cooperação em PPPs, tributação e alfândega".

Tatiana Rosito afirmou que a presidência brasileira do Brics não tem como objetivo promover uma desdolarização ampla da economia global. Além disso, qualquer iniciativa de aumento das transações financeiras entre os países do Brics em moedas locais ainda representaria percentual muito baixo do comércio mundial. A discussão é sobre iniciativas para reduzir custos nas transações financeiras, que não visam a desdolarização. Não é nenhum movimento abrupto nessa direção. É mais uma continuidade da agenda que já existia. Ela havia sido questionada se o ‘modus operandi’ de represálias do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, poderia arrefecer a cooperação dos países do Brics nesse sentido. Trump já ameaçou aplicar tarifas de 100% sobre países do grupo, caso criassem uma moeda própria em substituição ao dólar em seus negócios.

Tatiana Rosito reiterou que não está, nem nunca esteve em discussão no grupo, a criação de uma moeda própria, e que tudo se resume ao aumento do uso das moedas locais nas transações intrabloco. Moeda única não está em pauta. O que existe são movimentos para incentivar a utilização de moedas locais. Ela reconheceu as expectativas de países fundadores do bloco, como a China, de ver sua moeda, o renminbi, ser mais usada em seu próprio comércio, visto que hoje só responde por 30% das transações, na maior parte das vezes com outros países asiáticos. A discussão sobre maior uso de moeda local está dentro do primeiro dos seis objetivos da trilha de finanças da presidência brasileira, apresentado como "facilitar o comércio e o investimento entre os Brics" com a meta de reforçar a integração econômica dos países do grupo por meio de "inovações nos sistemas de pagamento bilaterais e multilaterais e de uma melhor interoperabilidade dos mercados financeiros".

A discussão tem foco em diminuir custos de transações para os países Brics e ampliar o uso de tecnologias à medida que a infraestrutura de sistemas de pagamentos evolui. Isso tem acontecido muito rapidamente no mundo e no Brasil. Ela citando também novos meios de pagamentos, como moedas digitais, caso do Drex, e compartilhamento de experiências como a do Pix no Brasil. Porém, estes são assuntos da alçada do Banco Central. Há um potencial inexplorado no comércio entre os países do bloco, que já respondem por 25% das exportações globais, sendo que a China sozinha responde por 14% ou 15%; e 20% das importações. Hoje, compõem o Brics os cinco fundadores (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), além dos novos integrantes Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Etiópia e Indonésia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.