25/Mar/2025
O dólar emplacou nesta segunda-feira (24/03) a terceira sessão consecutiva de alta no Brasil, impulsionado por ruídos no mercado após fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o arcabouço fiscal e pelo avanço da moeda norte-americana no exterior, em meio a dúvidas em torno da aplicação de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos. O dólar fechou em alta de 0,65%, a R$ 5,75. Em três dias úteis, a divisa acumulou ganhos de 1,84%, mas, no ano, tem recuo de 6,90%. O dólar chegou a oscilar em baixa ante o Real no início da sessão, mas rapidamente saltou para o território positivo na esteira de ruídos gerados por comentários de Haddad em evento organizado pelo Valor Econômico. Haddad afirmou que quando o País tiver estabilidade da dívida pública, além de Selic e inflação comportadas, será possível mudar parâmetros que balizam o arcabouço, mas não a arquitetura baseada em limite de gasto e meta de resultado primário.
Os comentários estressaram as cotações, com parte do mercado enxergando certo risco na fala, ainda que Haddad não tenha sugerido de fato mudanças que possam enfraquecer o arcabouço. Segundo a Veedha Investimentos, a fala de Haddad acabou trazendo ruídos para o mercado, dado que ele falou bastante sobre a questão do arcabouço. Após marcar a cotação mínima de R$ 5,70 (-0,23%), pouco depois da abertura, o dólar atingiu a máxima de R$ 5,77 (+1,01%), já sob o impacto dos ruídos. Após o evento, Haddad afirmou que houve uma tentativa de distorção de sua fala e reiterou o apoio à arquitetura do arcabouço fiscal. "Para o futuro, disse que os parâmetros podem até mudar, se as circunstâncias mudarem, mas defendo o cumprimento das metas que foram estabelecidas pelo atual governo", afirmou Haddad. Passada essa pressão, o dólar perdeu força, mas ainda assim se manteve no território positivo, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior.
Por trás do movimento estavam os receios em torno das tarifas comerciais dos Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (24/03) que em um futuro muito próximo anunciará tarifas sobre automóveis, alumínio e produtos farmacêuticos. Ao mesmo tempo, a Bloomberg News e o The Wall Street Journal informaram que o governo Trump provavelmente adiará um conjunto de tarifas específicas para setores ao aplicar taxas recíprocas em 2 de abril. Neste cenário, o dólar se mantinha em alta ante uma cesta de divisas fortes. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,24%, a 104,280. O boletim Focus do Banco Central mostrou que a projeção do mercado para o dólar no fim de 2025 passou de R$ 5,98 para R$ 5,95, na segunda queda semanal consecutiva. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.