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14/Mar/2025

Inflação persistente e medidas inócuas do governo

A inflação que o governo “segurou” em janeiro, com a redução pontual nas contas de luz, voltou com força em fevereiro e lançou a taxa do mês ao maior nível dos últimos 22 anos. A alta de 1,31% em fevereiro, que empurrou o acumulado em 12 meses para 5,06%. Se em janeiro, com a “mãozinha” do bônus da usina de Itaipu, o barateamento de 14,21% nas tarifas de energia conteve o IPCA em 0,16%, no mês seguinte a recomposição do mesmo bônus devolveu tudo e mais um pouco. A cada mês a evolução dos preços mostra ao presidente Lula que de nada adiantam medidas populistas para conter a inflação. Será inócuo zerar a taxa de importação do café e de outros produtos alimentícios, assim como é irrealista querer controlar o preço dos combustíveis ou forçar atacadistas e varejistas a atrelarem suas decisões de negócios à vontade do governo. A inflação de fevereiro não foi um ponto fora da curva. O IPCA, que tradicionalmente nesta época é pressionado pelos reajustes das mensalidades escolares, sofreu impacto ainda maior das tarifas de energia elétrica residenciais, que responderam por 0,56% do IPCA geral.

O mais preocupante são as tendências de alta observadas nos núcleos das taxas, como são chamadas as medidas estatísticas que desconsideram impactos temporários, como a sazonalidade das mensalidades escolares, por exemplo. As estimativas do mercado financeiro estão concentradas na manutenção do IPCA acima do teto da meta (4,5%) até setembro de 2026, quando iniciará um recuo lento. O principal temor dos analistas é o de que novos estímulos fiscais acelerem ainda mais a alta dos preços. A preocupação não é despropositada, haja vista algumas medidas recentes, como a liberação de R$ 12 bilhões por meio do FGTS, o incentivo ao empréstimo consignado privado e, talvez, em 2026, a isenção tributária para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Medidas de estímulo ao consumo surgem em grande número, impulsionadas por mantras como “quero mais crédito para o povo” e “dinheiro circulando nas mãos das pessoas faz a economia crescer”, entre outros. No entanto, ao sobreaquecer a economia e gerar uma demanda artificial sem um correspondente aumento na produção e na produtividade, o governo ignora um princípio essencial para o crescimento sustentável: o equilíbrio fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou considerar importante o governo federal voltar a apresentar contas no azul. As, ele reconhece não haver consenso em torno da calibragem da política fiscal. Embora Haddad tenha defendido a ideia de que o ajuste “não precisa ser recessivo”, e para isso voltou a defender a tributação dos super-ricos como contrapartida a eventuais cortes de gastos, a cruzada pela política fiscal tem sido uma batalha isolada da equipe econômica. A perspectiva de um IPCA pressionado até as vésperas da eleição presidencial do ano que vem aumenta a apreensão sobre o comportamento do Executivo em relação à política autônoma do Banco Central. Em junho, a meta de inflação irá estourar novamente, como já antecipou a própria direção do Banco Central. Para o mercado, em agosto o acumulado do IPCA em 12 meses deve chegar a 5,82%. A volta da pressão política sobre a autoridade monetária pode ser uma questão de tempo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.