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13/Mar/2025

Governo estimula o consumo e impulsiona inflação

A inflação brasileira em fevereiro deu uma estilingada e foi a 1,31%, maior patamar para o mês desde 2003. Em 12 meses, chegou a 5,06%, bem acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central (3%, com margem de tolerância de 1,5% para mais ou para menos). É um problema extra para o Banco Central, já que agora está em vigor a "meta contínua", ou seja, seis meses com o IPCA acima do teto da meta já será considerado um descumprimento. Mas é um problema maior, claro, para a população, que vê o seu poder de compra ser corroído. Em fevereiro, a inflação foi puxada pela energia elétrica (um aumento excepcional decorrente da recomposição das tarifas, após o pagamento de um bônus pela hidrelétrica de Itaipu em janeiro) e pela educação (esta, uma alta sazonal). Mas, os preços dos alimentos também voltaram a ter um aumento razoável (0,7%). As medidas anunciadas pelo governo para conter a inflação de alimentos, principalmente zerar o imposto de importação sobre vários produtos, foram consideradas por analistas como inócuas.

Não há muito o que o governo possa fazer, exceto esperar a nova safra entrar no mercado e derrubar os preços, pelo menos dos alimentos mais básicos. A inflação alta é uma das principais ‘pedras no sapato do presidente Lula e a ponta mais visível, para a população, dos problemas macroeconômicos do País. E a alta dos preços passa muito pelas atitudes do governo. O Banco Central já alertou várias vezes: os gastos públicos desenfreados, o aumento do endividamento, as incertezas sobre os rumos do arcabouço fiscal tornam mais difícil o trabalho de controlar a escalada dos preços. Seriam precisos juros cada vez mais altos para isso, com efeitos complicados para a atividade econômica. Mas qual tem sido a saída do governo para isso? Com a popularidade em baixa, o presidente Lula tem se preocupado pouco em economizar. Pelo contrário, parece querer estimular ainda mais o consumo, tanto público quanto privado.

Recentemente, o governo anunciou a liberação do saldo do FGTS para trabalhadores demitidos e que haviam optado pelo saque-aniversário. A previsão era de injeção de R$ 12 bilhões na economia com isso. Nesta quarta-feira (12/03), foi publicada a medida provisória que facilita o crédito consignado para trabalhadores formais do setor privado. São medidas que podem acabar se tornando contraproducentes no que se refere à popularidade de Lula: se o consumo aumenta e a inflação não baixa, os juros têm de permanecer altos por mais tempo, deprimindo a economia. Se o governo quer que as pessoas possam gastar mais, o que é louvável em um país pobre como o Brasil, precisaria contrabalançar isso gastando menos, controlando sua dívida, para que os efeitos na economia sejam diluídos. Não é o que se vê, pelo contrário. Com uma eleição difícil apontando no horizonte, o temor da maior parte dos analistas é que haja uma aposta cada vez mais firme no crescimento dos gastos públicos, para induzir o crescimento econômico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.