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11/Mar/2025

Impacto limitado do corte nas tarifas de importação

Segundo o Citi, os produtores de alimentos do Brasil provavelmente não verão nenhum impacto significativo conjunto de medidas governamentais destinadas a conter a crescente inflação de alimentos, anunciadas na semana passada. O Brasil domina o mercado como uma potência global de alimentos e exportador líquido, tornando os produtos importados amplamente não competitivos. Os altos preços dos alimentos foram alimentados por vários fatores, incluindo uma forte depreciação do Real brasileiro, o que tornou as exportações agrícolas brasileiras mais competitivas, elevando os preços. Além disso, os custos mais altos de commodities importadas, como o trigo, levaram a aumentos de preços em alimentos básicos como pão, biscoitos e massas.

O Citi comenta sobre o domínio do Brasil nas exportações globais de carne, por exemplo, que torna as reduções de tarifas de importação amplamente irrelevantes para os preços locais. As importações de proteína representam menos de 1% do consumo doméstico. Como o exportador número 1 de carne bovina e de aves e o número 4 em carne suína, o mercado de proteína do Brasil é predominantemente impulsionado pela produção doméstica e pelo comércio internacional. A expectativa é de um impacto imaterial das medidas. O milho é outro caso em que o impacto deve ser imaterial. Os preços locais do cereal devem permanecer influenciados principalmente pelas condições da safra doméstica, dinâmica do comércio global, particularmente entre os Estados Unidos e a China, e demanda por etanol.

Como o exportador nº 1 e o produtor global nº 3, o Brasil produziu 125 milhões de toneladas de milho em 2024, exportando 42 milhões de toneladas, enquanto as importações domésticas ficaram em apenas 1,6 milhão de toneladas (cerca de 2% do consumo). No caso dos preços de biscoitos e massas, a produção local é dominante. A eliminação de tarifas de importação nessas categorias dificilmente afetará os preços locais. A maior parte da demanda doméstica é atendida pela produção local, enquanto os produtos importados geralmente atendem a marcas premium, que não representam o consumo convencional. A importação dos segmentos de biscoitos e massas em 2024 totalizou 22 mil toneladas para biscoitos e 37 mil toneladas para massas, em comparação com nossos tamanhos estimados de mercado doméstico de 1,6 milhão de toneladas e 1,2 milhão de toneladas, respectivamente.

Em contrapartida, o óleo de palma deve ser o setor onde o impacto poderá ser mais notado. Diferentemente das outras categorias, o Brasil é um importador líquido de óleo de palma, com 356 mil toneladas importadas em 2024. A decisão do governo de aumentar a cota de importação de 65 mil para 150 mil toneladas efetivamente permite que 85 mil toneladas adicionais (cerca de 25% das importações do ano passado) entrem no mercado a preços mais competitivos. Isso pode ajudar a aliviar os custos para as indústrias que dependem do óleo de palma como matéria-prima essencial, incluindo processadores de alimentos como a Camil, que podem se beneficiar de custos de insumos reduzidos. No caso do açúcar, os preços locais provavelmente não serão afetados significativamente.

O Brasil é o maior produtor e exportador do mundo, exportando aproximadamente 38 milhões de toneladas em 2024, enquanto as importações mal chegaram a 3 mil toneladas (perto de 1% da produção total). A remoção de tarifas de importação de café não deve causar impacto significativo na dinâmica de preços, pois os volumes de importação de café são insignificantes. O recente aumento nos preços do café, atingindo máximas históricas em fevereiro de 2025, foi impulsionado principalmente por condições climáticas adversas no Brasil e no Vietnã, juntamente com uma forte depreciação do Real brasileiro no quarto trimestre de 2024.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o controle da inflação não vai acontecer apenas com as medidas anunciadas pelo governo, que incluem a redução a zero do imposto de importação de produtos como carne, açúcar, café e biscoitos. Para o ministro, as medidas têm alcance, mas a produção agrícola, apoiada pelo Plano Safra, e a correção do câmbio devem ser mais efetivos em derrubar a inflação de alimentos. A decisão de zerar o imposto de importação não tem o objetivo de derrubar os preços imediatamente, mas sim segurar o apetite dos produtores que estão com a intenção de subir os preços. Ele ressaltou que um bom Plano Safra é “metade do caminho” para conter a inflação dos alimentos. Em paralelo, o dólar precisa voltar a um patamar ‘civilizado’. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.