06/Mar/2025
Segundo o Rabobank, as tarifas de 25% sobre importações do Canadá e México, impostas pelos Estados Unidos, devem elevar os custos do agronegócio norte-americano, especialmente no setor de insumos, mas o impacto sobre a inflação de alimentos tende a ser limitado. Para os agricultores norte-americanos, o maior efeito no curto prazo será o encarecimento de insumos agrícolas importados, como fertilizantes e agroquímicos. O Canadá fornece 75% do potássio consumido nos Estados Unidos, e as tarifas podem elevar os custos de produção agrícola em até 5,00 centavos de dólar por bushel de soja. A expectativa é que os custos mais altos impactem as margens dos produtores, em um momento de estoques elevados e preços mais pressionados nas bolsas de commodities.
Os efeitos sobre a produção podem ser sentidos mais fortemente em 2026, já que muitos agricultores já haviam adquirido parte dos fertilizantes antes da entrada em vigor das tarifas. Os custos mais altos no campo devem refletir no consumidor, mas o impacto inflacionário tende a ser menor do que o esperado inicialmente. Os preços de produtos frescos nos Estados Unidos podem subir 3%, enquanto o gasto geral com alimentação deve ter um acréscimo de 1%. O efeito pode ser atenuado pela desvalorização das moedas do Canadá e do México, que reduz a pressão inflacionária e pode limitar a alta dos preços dos alimentos para 0,7%. A maior pressão deve ocorrer em produtos agrícolas com forte dependência das importações do México e Canadá, como frutas, vegetais e algumas bebidas.
Os preços desses itens podem ter reajustes mais significativos nos meses de inverno, quando os Estados Unidos aumentam a compra de alimentos frescos do México. O Rabobank alerta ainda para os efeitos secundários das tarifas, como as medidas de retaliação por parte do Canadá e do México. O Canadá já elaborou uma lista de produtos agrícolas dos Estados Unidos que serão sobretaxados, enquanto o México ainda não especificou sua resposta, mas pode mirar setores como carne suína e laticínios, historicamente mais sensíveis à inflação local. A guerra comercial entre os países também gera incertezas para exportadores norte-americanos, que podem enfrentar mais dificuldades para escoar produtos tradicionalmente enviados aos dois mercados vizinhos.
O México e o Canadá representam 57% das exportações agrícolas dos Estados Unidos, e mudanças nas barreiras comerciais podem reconfigurar os fluxos de comércio. O setor de alimentos deve buscar formas de mitigar os efeitos das tarifas. No curto prazo, muitas empresas devem absorver parte dos custos para evitar perda de competitividade. Estratégias como diversificação de fornecedores, hedge cambial e ampliação de estoques devem ser adotadas por grandes redes de distribuição e indústrias processadoras. Para o longo prazo, algumas empresas podem investir em reshoring (trazer a produção de volta aos Estados Unidos) ou adquirir unidades produtivas nos Estados Unidos para evitar a incidência das tarifas. Os custos da transição são elevados, mas podem trazer maior previsibilidade e estabilidade no futuro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.