03/Mar/2025
A imposição de tarifas de 25% pelos Estados Unidos sobre as exportações da União Europeia pode causar uma ruptura significativa no setor de alimentos e agricultura. Um relatório recente da RaboResearch destaca que essas tarifas teriam consequências abrangentes, afetando especialmente máquinas agrícolas e alimentos processados. Devido ao considerável superávit comercial da União Europeia com os Estados Unidos, vários setores da indústria agroalimentar sentiriam o impacto, afetando produtores rurais, processadores de alimentos e fabricantes de equipamentos. As tarifas aumentariam os custos dos produtos da União Europeia no mercado dos Estados Unidos, alterando a dinâmica competitiva e o acesso ao mercado para as exportações agrícolas europeias. A União Europeia, apesar de ser amplamente autossuficiente em produtos agrícolas, depende fortemente das importações de soja e derivados, principalmente dos Estados Unidos e do Brasil.
No entanto, a União Europeia possui um superávit comercial substancial com os Estados Unidos no setor agroalimentar. Em 2024, a União Europeia exportou cerca de € 38 bilhões em produtos, enquanto importou € 14 bilhões dos Estados Unidos. Esse superávit é impulsionado pela exportação de produtos de alto valor, como óleos essenciais, vinho, azeite e laticínios, enquanto os Estados Unidos exportam commodities de menor valor. Do ponto de vista da União Europeia, os Estados Unidos são um grande parceiro comercial, servindo principalmente como um importante mercado de exportação em vez de um fornecedor. Da perspectiva dos Estados Unidos, a União Europeia é mais significativa como fornecedora do que como um destino de exportação. O mercado dos Estados Unidos é mais crucial para as empresas agroalimentares da União Europeia do que o mercado da União Europeia é para as empresas dos Estados Unidos.
As indústrias mais vulneráveis às tarifas dos Estados Unidos são aquelas altamente dependentes do mercado norte-americano e sensíveis a mudanças de preço. Segundo a RaboResearch, o setor de máquinas agrícolas seria o mais impactado. Agricultores norte-americanos, com margens apertadas, poderiam optar por produtos nacionais em vez de importações da União Europeia tarifadas. Alimentos processados, incluindo laticínios, bebidas e massas, sofreriam impacto médio, dependendo da elasticidade da demanda nesses setores. Setores como proteína animal, fertilizantes e açúcar, com baixa dependência do mercado americano, sofreriam impacto mínimo. Produtos com baixa elasticidade de preço poderiam absorver os custos das tarifas por meio de preços mais altos.
As empresas da União Europeia podem adotar diversas estratégias em resposta às tarifas. As opções incluem manter os preços e transferir os custos para os importadores norte-americanos, reduzir os preços para manter a competitividade, retirar-se do mercado norte-americano, redesenhar as cadeias de suprimentos ou investir na produção nos Estados Unidos. A melhor opção dependerá da elasticidade da demanda por seus produtos e de sua presença internacional. As tarifas ameaçam não apenas a relação comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos. Canadá, México e Brasil também enfrentam tarifas impostas pelos Estados Unidos e provavelmente retaliarão. Isso pode resultar em uma complexa rede de interações regionais e setoriais, transformando significativamente a dinâmica do comércio global. Fonte: Pig Progress. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.