28/Feb/2025
Tornar concreta uma transição para a economia verde no Brasil sem a participação das pequenas empresas é possível? Para o presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Décio Lima, a resposta é não. Segundo ele, a integração de representantes do setor de pequenos negócios na agenda da sustentabilidade é fundamental para que o País tenha sucesso na passagem rumo a uma economia de baixo carbono. O grande desafio para que essa participação seja bem-sucedida é ampliar o acesso dos pequenos negócios às práticas que contribuam para a transição verde. Dados do Sebrae mostram que seis em cada 10 donos dessas empresas acreditam que podem contribuir com a agenda da sustentabilidade. “Os pequenos negócios têm papel crucial na transição verde. Fato é que, sem esses empreendedores, essa transição não se concretiza.” O Sebrae está à frente de uma série de iniciativas para engajamento dos pequenos negócios em relação à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), incluindo um site próprio sobre o evento. Segue a entrevista:
A pesquisa Negócios Sustentáveis: A Contribuição das Pequenas Empresas Brasileiras na Agenda 2030 da ONU mostrou que apenas 35% dos pequenos negócios conhecem as práticas sustentáveis...
Décio Lima: A verdade é que, sem os pequenos negócios, a transição verde não se completa. Basta perceber que 95% das empresas brasileiras são de pequenos negócios. E eles já aderiram à prática da sustentabilidade em suas rotinas. Nossas pesquisas, mostram que cerca de 70% dos pequenos negócios realizam controle de consumo de energia, 67% realizam a separação do lixo para coleta seletiva, 65% fazem controle do consumo de papel e 64% já realizam controle no consumo de água. O grande desafio que temos agora é ampliar o alcance de empreendimentos nas práticas que contribuam para a transição verde. Nesse sentido, o Sebrae, com a sua capilaridade, tem atuado para permitir que os pequenos negócios estejam cada vez mais inseridos no desenvolvimento da cultura ambiental, social e de governança (ESG). Inclusive, assinamos recentemente um protocolo de intenções com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para viabilizar a certificação dos pequenos negócios em todo o País com o selo do ESG.
Quais as barreiras para que as empresas estejam mais conectadas ao tema?
Décio Lima: Primeiro, já temos clareza de que esse conceito não tem mais volta. Nós não podemos permitir modelos econômicos que sejam agressivos ao meio ambiente e coloquem em risco o futuro da humanidade. Temos clara consciência de que todo modelo econômico que abraçamos está inserido no conceito da sustentabilidade. E os nossos produtos e serviços que chegam aos pequenos negócios seguem essa lógica. Os pequenos são os grandes exemplos da economia sustentável hoje no País. Além disso, todo o cenário em torno favorece. O presidente Lula lidera o Brics (grupo que reúne Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul). Estamos no Mercosul. O Brasil teve o papel preponderante quando da liderança do presidente Lula no G20, e agora iremos sediar a COP-30. Sabemos que o empreendedor quer melhorar. Segundo o estudo, seis em cada dez empresas acreditam que podem contribuir com a agenda da sustentabilidade. A semente está plantada. Precisamos apenas fornecer os subsídios e o apoio necessário para que as boas práticas germinem.
O que um evento como a COP30 pode trazer em benefícios para as pequenas empresas no Brasil?
Décio Lima: Os pequenos negócios têm papel crucial na transição verde. O universo que representa a pequena economia brasileira é extremamente plural, seja no campo, na cidade, no comércio, na indústria da transformação, no turismo, seja na prestação de serviços. O pequeno negócio é o grande retrato econômico do nosso País. Ele está em todos os setores econômicos, produzindo e transformando realidades. Portanto, trazê-lo para a cultura da sustentabilidade é construir um planeta saudável.
Fonte: Broadcast Agro.