24/Feb/2025
O Brasil iniciou a segunda quinzena de fevereiro enfrentando uma tenebrosa onda de calor, inicialmente concentrada no Rio de Janeiro e em São Paulo e depois espalhada por partes significativas da Região Centro-Oeste e de uma faixa da Região Sul. Os picos de temperatura, que no Rio de Janeiro atingiram impressionantes 44°C, recorde da cidade desde 2014, quando começaram as medições do Alerta Rio, deixam nítido que se está diante de algo bem maior e mais grave do que as habituais cenas do verão do Sudeste brasileiro. A sensação abrasadora em curso é mais do que uma sensação: é uma evidência real da frequência e intensidade crescentes dos eventos climáticos extremos, de consequências perigosas para a população. Em paralelo ao calor, como se sabe, há também as chuvas torrenciais, como as que inundaram recentemente regiões da cidade de São Paulo. E além das enchentes, os incêndios florestais, como se viu ao longo de 2024, tornaram-se igualmente mais frequentes e mais intensos. Alertas foram agora emitidos para municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, com previsão de temperaturas 5°C acima da média climatológica.
Felizmente, cada vez menos autoridades e especialistas discordam da relação entre tais eventos e o aquecimento global decorrente das mudanças climáticas; exceto, claro, os negacionistas de praxe. Há uma pletora de fatores adicionais, entre os quais a redução da cobertura das nuvens, como demonstrou reportagem recente do Washington Post e efeitos específicos dos fenômenos El Niño e La Niña, entre outros, mas o fato é que cenários sombrios para o futuro, projetados anos atrás por cientistas, demonstram que o futuro já começou. E há problemas práticos e imediatos a resolver. A adaptação das cidades ao novo clima é uma dessas urgências. Significa readequar o sistema de saúde, sobretudo em áreas urbanas, onde a exposição ao calor é maior. Ampliar áreas verdes e melhorar o conforto térmico em residências e no transporte público também são outras tarefas igualmente urgentes e essenciais. E preparar protocolos responsáveis e ágeis, capazes de oferecer alguma segurança à população no enfrentamento das ondas de calor.
Foi o que demonstrou, por exemplo, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O Rio de Janeiro atingiu o nível de calor 4, segundo o protocolo criado pela prefeitura. Nesse nível, prevê-se a abertura de 58 pontos de resfriamento, parada para hidratação de funcionários que trabalham expostos ao Sol e preparação da rede de saúde municipal para o aumento de atendimentos de casos decorrentes de altas temperaturas. Como disse o prefeito, a ciência permite um grau muito maior de leitura dos dados meteorológicos e, consequentemente, de previsibilidade, assim como de compreensão dos efeitos nocivos do excesso de calor na saúde das pessoas. Problemas e adoecimentos que antes eram creditados a outros fatores hoje são associados também às elevadas temperaturas. O perigo é maior do que se imagina, com efeitos como agravamento de doenças já existentes e complicações sobre diferentes órgãos. São razões suficientes para os alertas e os protocolos adequados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.