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10/Feb/2025

Alimentos: alta nos preços preocupando o governo

Acossado pelo aumento de preços dos alimentos nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu na semana passada, para que os consumidores deixem de comprar produtos que estejam muito caros. Segundo ele, isso funcionaria como uma forma de pressão para reduzir os preços e ajudar a controlar a inflação. A alta de preços dos alimentos já pesa na popularidade de Lula, segundo pesquisa divulgada pela Quaest na semana passada. Oito em cada dez entrevistados disseram ter percebido aumentos de valores no último mês. Lula afirmou estar “trabalhando com muito afinco para solucionar o preço dos alimentos” e adiantou que nesta semana terá reunião com produtores de carne e de arroz para discutir o assunto.

Emissários do presidente já têm questionado representantes de setores produtores de óleo de soja e milho sobre aumentos de preços registrados desde 2024. No fim de janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a dizer que o governo avaliaria a redução de tarifas de importação de alguns alimentos para tentar frear as remarcações de preços no País, proposta recebida com ceticismo por especialistas. O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou que sua equipe vai trabalhar para reduzir os custos do vale-alimentação e do tíquete refeição, e descartou subsídios ou redução de impostos. Um levantamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) indica que os brasileiros de menor renda estão pagando a maior parte da conta da disparada da inflação de alimentos.

O custo de vida das famílias das classes E e D, com renda de até três salários-mínimos (R$ 4.554), subiu 5,14% no ano passado na Região Metropolitana de São Paulo, superando a média da inflação dos paulistanos como um todo no período, que foi de 4,97%. Na avaliação de economistas, esse quadro poderia mudar com a entrada da safra recorde de grãos neste ano e com a queda recente do dólar, depois da disparada registrada no ano passado, quando a moeda norte-americana chegou ao patamar de R$ 6,30. O presidente Lula defendeu que o agronegócio brasileiro produza mais alimentos para que o preço da comida seja barateado.

O presidente Lula negou qualquer possibilidade de fazer um congelamento de preços para evitar novos aumentos. Além disso, reforçou que a inflação nos seus dois primeiros anos de governo foi menor que no governo de Jair Bolsonaro e que, apesar de a economia viver “seu melhor momento”, as cotações do dólar ainda são fator de preocupação para o governo. Nesse ponto, voltou a criticar a antiga gestão do Banco Central, sob o comando de Roberto Campos Neto. Lula disse ainda ter certeza de que o Congresso vai aprovar projeto que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para as pessoas que ganham até R$ 5 mil. A proposta ainda não foi enviada para a análise do Legislativo.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que as críticas sobre a alta nos preços dos alimentos em 2024 não levam em conta a queda registrada no ano anterior e a comparação com o governo de Jair Bolsonaro. A inflação de alimentos dos dois anos do governo Lula é infinitamente menor que nos quatro anos ou nos dois anos do governo Bolsonaro. Esse argumento não se sustenta porque os preços caíram em 2023. Segundo o ministro, a alta recente da carne faz parte de um ciclo natural do setor. Ele explicou que a baixa nos preços em 2023 levou a um aumento do abate de fêmeas, reduzindo o rebanho e, consequentemente, a oferta para o abate, o que impulsionou a valorização do produto.

O preço da carne estava em baixa em 2023 e isso levou ao ciclo da carne: quando os preços caem muito, os produtores começam a abater as fêmeas, o que diminui o rebanho, reduzindo a oferta para o abate, o que força uma escassez do produto e a subida do preço. O ministro também atribuiu a pressão sobre os preços à abertura de novos mercados internacionais para os produtos brasileiros e a eventos climáticos extremos. O Brasil abriu mais de 200 mercados internacionais para exportação e isso impacta a oferta interna. Destaque ainda para as condições climáticas atípicas de 2024, incluindo secas severas e enchentes no Rio Grande do Sul, que tiveram forte impacto na oferta de alimentos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.