10/Feb/2025
Segundo a Hedgepoint Global Markets, o mercado global de grãos enfrenta incertezas com o agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, condições climáticas adversas na América do Sul e mudanças na política de exportação da Argentina. A China impôs tarifas de 10% a 15% sobre produtos dos Estados Unidos, como petróleo e gás natural, em resposta a medidas do governo Donald Trump. O impasse entre China e Estados Unidos pode evoluir para um cenário semelhante ao de 2018, quando tarifas sobre a soja reduziram fortemente as exportações dos Estados Unidos, resultando em estoques recordes e queda nos preços.
Na ocasião, o Brasil foi beneficiado com o aumento das compras chinesas, o que impulsionou as exportações brasileiras e os preços internos. No mercado de trigo, a China busca revender parte de suas compras da Austrália e do Canadá, movimento que pode indicar menor demanda e pressão nos preços globais. O governo chinês já postergou remessas da Austrália previstas para janeiro e fevereiro, sem novas entregas esperadas para março. Essa movimentação pode indicar menor demanda devido a uma boa safra de milho ou à expectativa de preços mais baixos no mercado à vista, possibilitando recompras futuras.
Na América do Sul, o clima segue como fator determinante para a produção agrícola. A Argentina revisou para baixo suas estimativas de safra, reduzindo a produção de milho para 47 milhões de toneladas, 4 milhões de toneladas abaixo da projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e a de soja para 48 milhões de toneladas. Além disso, o governo argentino reduziu as alíquotas de exportação, cortando os impostos da soja de 33% para 26% e do milho de 12% para 9,5%. O impacto dessa medida ainda é incerto. No Brasil, a colheita da soja e o plantio da 2ª safra de milho seguem atrasados, reflexo do plantio tardio em 2024.
A umidade deve aumentar entre os dias 13 e 21 de fevereiro, favorecendo as lavouras semeadas mais tardiamente, mas podendo prejudicar o avanço da colheita. Mato Grosso apresenta produtividades recordes, o que pode elevar a estimativa nacional para 170,7 milhões de toneladas de soja. No Rio Grande do Sul, a seca e o calor continuam prejudicando as lavouras, exigindo possíveis revisões para baixo. No mercado futuro, os fundos mantiveram uma posição neutra na soja nas últimas três semanas, refletindo a incerteza climática no Brasil e na Argentina. Para o milho, a visão é altista, com os fundos aumentando posições compradas para 208 mil contratos, o maior nível desde fevereiro de 2023. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.