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10/Feb/2025

Brasil: bancos animados com consignado privado

Os bancos privados brasileiros estão animados com o novo crédito consignado privado, que o governo pretende lançar em breve. O setor vê a possibilidade de que o novo formato expanda a carteira do produto em até quatro vezes nos próximos anos, com um efeito similar ao que o Pix teve no mercado de pagamentos. No entanto, rejeitam a ideia de impor um teto para as taxas, o que excluiria milhões de potenciais clientes. O presidente do Santander Brasil, Mario Leão, afirmou que esse produto pode ser, para o crédito, o que o Pix foi para o mercado de pagamentos. Junto do Itaú Unibanco, o Santander detém dois terços do atual consignado privado, produto que tem R$ 40 bilhões em carteira, apenas 6% do mercado de consignado. Os bancos privados e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o produto. O projeto do governo é utilizar a base de dados do eSocial, sistema em que as empresas informam os dados dos contratos de trabalho dos funcionários à Receita Federal, para fazer a averbação, que é confirmação de garantia do consignado.

Hoje, no consignado privado, esse processo não é centralizado. Para oferecer o produto, os bancos precisam firmar convênios com as empresas. A pulverização dos trabalhadores formais no País aumenta os custos da empreitada e reduz o alcance, o que o setor e o governo veem como o principal entrave para que o consignado privado cresça mais. Para o presidente do Itaú, Milton Maluhy, essa é uma grande oportunidade e pode vir a ser um programa de crédito para o País muito forte e positivo. Sinalizações positivas também foram dadas por Bradesco, Inter e Pan, que veem no produto uma oportunidade de crescer a carteira sem ampliar tanto os riscos. O novo consignado pode ser um bom negócio para os bancos ao atender públicos que hoje não têm garantias a oferecer e que, por isso, são mais arriscados (e caros). Um quarto da atual carteira de crédito pessoal, algo em torno de R$ 81 bilhões, foi concedido a trabalhadores com carteira assinada.

O CEO do Banco Pan, Carlos Eduardo Guimarães, afirmou estar animado com o potencial do consignado privado. O produto pode fazer o mercado se multiplicar por "três ou quatro vezes". A expectativa do executivo era de que o novo consignado privado remodelado fosse lançado em 2024, pois o governo já vem discutindo o produto há mais de um ano. Agora, a aposta é que venha ainda neste semestre. Um ponto de discórdia entre os bancos e o governo diz respeito às taxas do novo produto. O Ministério do Trabalho, que ficaria responsável pela gestão do consignado privado, defende a fixação de um teto de juros mensais, aos moldes do que existe no consignado do INSS. Os bancos são contra, e afirmam que com um limite de juro, o efeito esperado de ampliação de crédito pode não acontecer. O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que um teto acabaria por penalizar funcionários de empresas pequenas ou com pouco tempo de serviço, que apresentam um risco maior de perder o emprego.

No consignado INSS ou servidor, o risco é da União. O teto inviabiliza a escala do produto, disse o CEO do Pan, citando que os funcionários do setor privado possuem diferentes perfis e riscos, dependendo do cargo e tipo de empresa, ao contrário do INSS, de perfil mais homogêneo. Para o Citi, a aceleração do produto dependeria da manutenção das taxas atuais (sem a imposição de teto), do desenvolvimento de um sistema adequado e confiável de garantias, e do uso do eSocial como ferramenta de originação e controle. O consignado privado tem hoje taxas de 3% ao mês. Os bancos também discordam da ideia de restringir a oferta do crédito ao aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, ventilada pelo governo. Ao presidente Lula, ponderaram que as plataformas de cada banco recebem milhões de acessos todos os dias, e que o Desenrola só decolou quando as renegociações passaram a acontecer também nos canais próprios. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.