07/Feb/2025
O dólar recuou ante o Real nesta quinta-feira (06/02), devolvendo os ganhos obtidos na véspera, uma vez que os investidores retomaram o processo de correção de preço da moeda no Brasil diante da percepção de exagero nas cotações do ano passado e de um novo governo dos Estados Unidos mais moderado do que o esperado. O dólar fechou em baixa de 0,49%, a R$ 5,76, a menor cotação desde 18 de novembro do ano passado, quando encerrou em R$ 5,748. Em uma sessão esvaziada de notícias e dados econômicos, os investidores se posicionaram com base em fatores externos e domésticos observados em sessões recentes, o que, como na maior parte deste ano, significou perdas para a moeda norte-americana. Na cena doméstica, o mercado retomou o movimento recente de reprecificação dos ativos brasileiros, avaliando novamente que os preços registrados no fim do ano passado, em meio às preocupações com o cenário fiscal brasileiro, estavam muito exagerados, o que fornece espaço para correção.
Antes do leve ganho de quarta-feira (05/02), o dólar recuou ante a moeda brasileira por doze sessões consecutivas e agora acumula uma perda de 6,7% no ano. Em dezembro, por outro lado, o dólar esteve acima de R$ 6,00 na maioria das sessões, impulsionado, em particular, por preocupações com as contas públicas após o anúncio de um pacote de medidas fiscais pelo governo que desagradou o mercado. Segundo a StoneX, o movimento parece ser mais de correção e realização de lucros, sem um fator específico. No cenário externo, os mercados continuam ajustando sua percepção sobre o novo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avaliando que suas contínuas ameaças tarifárias podem ser mais uma tática de negociação política do que uma estratégia econômica efetiva. Após impor tarifas de 25% sobre os produtos de México e Canadá no fim de semana, Trump chegou a um acordo com os líderes dos dois países na segunda-feira (03/02) para suspender as taxas por 30 dias em troca de um controle mais rígido da fronteira por parte dos países vizinhos.
Em relação à China, por outro lado, ainda não houve acordo sobre a tarifa de 10%, que gerou retaliação por parte do governo chinês. O impasse comercial entre as duas maiores economias do mundo gera cautela nos mercados globais. Existe uma certa apreensão ainda, mas já foi maior. Segundo a Manchester Investimentos, Donald Trump tem se posicionado nessa postura pró-tarifas, mas para negociar. A tendência para os próximos anos, apesar da volatilidade, é de uma política protecionista, o que afeta o comércio mundial. Na esteira do reajuste de expectativas, o dólar também perdia sobre moedas emergentes, como peso mexicano, rand sul-africano e peso chileno. No início da sessão, o dólar chegou a subir contra o Real, em linha com ganhos sobre moedas emergentes e após comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que preocuparam alguns agentes financeiros.
O presidente Lula afirmou que a inflação está "totalmente controlada" e que o governo apresentará novas medidas de crédito nos "próximos dias". As declarações geraram a percepção de que o governo estaria mais preocupado em estimular a economia do que resolver os problemas da trajetória da dívida pública e da inflação acima da meta. O dólar atingiu a máxima do dia, a R$ 5,82 (+0,52%), na esteira dos comentários de Lula e dos ganhos da divisa sobre moedas emergentes, antes de devolver os ganhos e passar a subir. A mínima da sessão foi de R$ 5,74 (-0,77%), com o dólar recuperando algumas perdas antes do fim do pregão. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, tinha variação positiva de 0,01%, a 107,660. O Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.