06/Feb/2025
Segundo o agrometeorologista Luiz Renato Lazinski, o fenômeno climático La Niña segue ativo, com intensidade moderada e continuará influenciando o clima no Brasil pelo menos até o primeiro semestre de 2025. O fenômeno já atingiu seu pico e deve perder força gradualmente nos próximos meses, mas seus efeitos ainda serão sentidos no campo. O La Niña atingiu o máximo agora. Daqui para a frente, a tendência é diminuir gradativamente, mas seus efeitos sobre o clima continuam. A atuação do fenômeno tem provocado um desequilíbrio climático entre as regiões produtoras do País. Na Região Centro-Oeste, o excesso de chuvas tem atrasado a colheita da soja e pode empurrar para a frente o plantio da 2ª safra de 2025, enquanto na Região Sul, a estiagem e o calor intenso comprometem a produtividade das lavouras.
Na Região Centro-Oeste, o volume de chuvas tem sido muito acima do esperado, acumulando 300 a 400 milímetros em 30 dias. O problema não é apenas o volume, mas a frequência das precipitações. Tem chovido todo dia. Essa condição tem mantido o solo encharcado, dificultando a colheita da soja. O produtor entra com a máquina no campo, vai colher soja e entregar na cooperativa com 25% ou 30% de umidade. Isso encarece o processo porque exige secagem e aumenta os custos logísticos. No Paraná, o padrão climático é característico de La Niña, com chuvas bem distribuídas no leste do Estado e volumes reduzidos no oeste e noroeste. As áreas mais ao leste recebem bem. Mais para o oeste do Estado, as chuvas vão diminuindo.
A umidade do solo segue alta na região central e nos Campos Gerais, variando entre 60% e 70%. No oeste e noroeste, porém, os níveis estão entre 40% e 50%, o que pode comprometer a produtividade do milho 2ª safra de 2025, caso o período seco se estenda. Para o milho 2ª safra, o ideal é que tenha mais de 70% de umidade no solo. Se pegar um veranico de 20 a 25 dias, a lavoura começa a “pedir água". A Região Sul do Brasil e a Argentina enfrentam temperaturas elevadas e escassez de chuvas. O Rio Grande do Sul está em situação crítica, com temperaturas chegando a 42,4°C em Quaraí e umidade do solo abaixo de 20 milímetros. No nível da lavoura, uma temperatura dessas chega a 60°C. A planta não aguenta.
Cada dia que passa com temperaturas elevadas e falta de precipitação, ela vai perdendo produtividade. Na Argentina, o cenário é ainda mais extremo. As temperaturas estão 6°C acima da média, com máximas de 42°C a 43°C em algumas regiões. A previsão para os próximos 15 dias indica pouca ou nenhuma chuva, com exceção do norte de Buenos Aires. A Argentina está em uma situação complicada, sem previsão de chuvas significativas. Se isso se confirmar, o impacto na produção agrícola pode ser severo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.