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05/Feb/2025

Alimentos: alta tende a se propagar no médio prazo

O Banco Central sob a presidência de Gabriel Galípolo avisou na Ata do Copom desta terça-feira (04/02) que deve descumprir a meta de inflação já na largada, agora sob o regime de "meta contínua". Em outras palavras, isso quer dizer que a inflação vai ficar acima do teto de 4,5% por seis meses consecutivos, de janeiro a junho, o que configuraria o descumprimento. A partir de 2025, o descumprimento da meta deixa de ser medido pelo ano calendário, ou seja, pelo resultado de dezembro de cada ano, e passa a ser computado se ficar acima do intervalo de tolerância por seis meses. Na reunião da semana passada, a primeira sob a presidência de Galípolo, o Banco Central elevou a Selic em um 1%, para 13,25%. Foi o quarto aumento consecutivo da taxa básica de juros, que marcava 10,5% em setembro do ano passado.

Na Ata, o Banco Central também reafirmou que vai subir a Selic em 1% na reunião de março, mas não quis, assim como no comunicado da reunião, dar outro 'forward guidance" (indicação futura) para a reunião de maio. De toda forma, ele enfatizou que o ciclo total de alta dos juros será guiado pelo "firme compromisso de convergência de inflação à meta", o que sinaliza a continuidade do aperto, mesmo que não seja no ritmo de 1%. Pela Ata, o Banco Central indica que há pressão sobre a inflação de todos os lados, mostrando um cenário desafiador para a política monetária. O cenário prospectivo de inflação segue desafiador em diversas dimensões. O Comitê analisou a atividade econômica, a demanda agregada, as expectativas de inflação, a inflação corrente e o cenário internacional.

Pelo lado externo, principalmente com as incertezas provocadas por Donald Trump nos Estados Unidos, há o fortalecimento do dólar, o que torna os bens industriais importados pelo Brasil mais caros. Isso também é reforçado pelo risco fiscal no Brasil, que aumenta as incertezas dos investidores e desvaloriza o Real. No período recente, a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida seguiu impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, diz o Banco Central. Internamente, o Banco Central vê a economia sobreaquecida, com o mercado de trabalho mais forte (o desemprego está na mínima histórica), o que pressiona a inflação de serviços. E há ainda um alerta sobre a indexação da nossa economia, que terá o efeito de transformar, por exemplo, um choque temporário dos alimentos em permanente.

É isso que o Banco Central quer dizer quando afirma que "esse aumento dos alimentos tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira". A Ata indica mais uma vez que o Banco Central não vai deixar de cumprir o seu papel de combate à inflação. Mas ganha tempo para avaliar o cenário até maio, diante da volatilidade internacional que tem sido provocada principalmente pelas medidas de Donald Trump com as barreiras comerciais. De todo modo, há o pedido, mais uma vez, para que as políticas monetária e fiscal sejam "harmoniosas". Ou seja, para que o governo Lula de fato corte gastos. Caso contrário, ainda não há limite, pelas indicações do Banco Central, para o aumento dos juros no País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.