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05/Feb/2025

Agronegócio brasileiro não descarta tarifas dos EUA

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) vê provável imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos agropecuários brasileiros, como o governo Donald Trump vem adotando com outros países. Não é nada imprevisível, pois o Brasil já teve problemas comerciais com os Estados Unidos em vários momentos, como os casos emblemáticos do algodão, camarão, do suco de laranja. Foi citada a antiga disputa entre Brasil e Estados Unidos em relação ao açúcar e ao etanol. O Brasil quer ampliar a cota de açúcar isento de imposto que pode ser exportado aos Estados Unidos, enquanto os norte-americanos pleiteiam há anos a redução do imposto de etanol exportado ao Brasil, hoje de 18%. É uma briga antiga. Não há previsão nenhuma de que se reverta.

A FPA espera que o Itamaraty esteja preparado para esse tipo de negociação com os Estados Unidos. Brasil e Estados Unidos são duas potências produtivas. São grandes países que têm protagonismo nas Américas e precisam negociar. É uma questão de mercado e uma negociação bilateral terá que acontecer. Há desafios em comum entre os países como alimentos baratos e geração de emprego. Demandas brasileiras como o aumento da cota de carne bovina exportada aos Estados Unidos sem imposto, hoje de 65 mil toneladas, e até mesmo uma maior cota de açúcar isento de tarifas de exportação poderão ser negociadas em contrapartidas.

Do mesmo jeito que o Brasil pede, os Estados Unidos também pedem, então pode ser que aconteçam coisas de necessidade dos norte-americanos no Brasil que deem oportunidades. Há oportunidades e ameaças em cada uma das negociações. O perfil de Donald Trump, como mandatário, de visão mais protecionista, terá impactos nessas tratativas. Os Estados Unidos não vão querer romper todas as relações ou criar problemas comerciais com todos os países que são seus potenciais aliados, independente da questão ideológica do presidente. Os Estados Unidos também precisam do Brasil, sendo, portanto, uma questão de se adaptar ao mercado e conseguir se organizar. Há inúmeras empresas brasileiras na produção de carne presentes nos Estados Unidos.

Segundo a FPA, a nova ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com a imposição de tarifas sobre produtos importados do Canadá, México e China pode levar à maior disputa de mercados no agronegócio entre os Estados Unidos e o Brasil. Donald Trump está "forçando" as tarifas para chamar os países a conversar, como ocorreu com México e Canadá. O Partido Republicano sempre foi mais protecionista. Donald Trump vai tentar colocar os Estados Unidos como uma potência exportadora e busca fazer com que a industrialização entre cada vez mais no país.

Essa postura pode se estender nas negociações entre China e Estados Unidos. Brasil e Estados Unidos possuem uma questão concorrencial importante por disputarem os mesmos mercados nas exportações agropecuárias. Essa disputa de mercado com os Estados Unidos é extremamente agressiva. Mas não havia, até agora uma participação mais efetiva dos norte-americanos nessa negociação direta com a China. Era uma situação mais pró-Brasil com o mercado chinês aberto aos produtos agropecuários brasileiros. Mas, essa situação pode não continuar assim.

Donald Trump provavelmente vai chamar a China e pedir aumento das compras de produtos norte-americanos para não haver problemas em outras áreas. A tarifa adicional de 10% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos importados da China visa garantir efetivamente mão de obra para os norte-americanos e reduzir a entrada de produtos industrializados chineses nos Estados Unidos para fortalecer a indústria local. Não se sabe como a China vai responder em relação à compra de soja e de milho norte-americano. A China é o principal destino dos produtos agropecuários brasileiros, tanto de grãos quanto de carnes.

Diplomatas no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm avaliado que o governo dos Estados Unidos não tem motivos econômicos para impor tarifas sobre produtos brasileiros como fez com aliados como Canadá e México, que depois chegaram a um acordo com Donald Trump. Na segunda-feira (03/02), o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, Gabriel Escobar, esteve no Palácio do Planalto e conversou com auxiliares do presidente Lula. Eventuais tarifas ficaram fora da pauta. No fim do mês passado, Donald Trump citou o Brasil como um país que cria muitas tarifas. O presidente norte-americano estaria mirando economias com as quais os Estados Unidos têm grandes déficits comerciais. Esse não é o caso brasileiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.