04/Feb/2025
A imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos importados do México, do Canadá e da China pode abrir "janelas de oportunidade" para a exportação de produtos agropecuários brasileiros a estes países. A avaliação é compartilhada por membros do governo e por representantes de entidades do agronegócio. Para a China, já estava dado como certo no setor e no governo eventual redirecionamento de compras chinesas de soja e milho norte-americano para o Brasil. Há expectativa também de impacto na exportação de carnes brasileiras. No momento, a China está cautelosa nos posicionamentos, sem escalar o conflito comercial.
Em levantamento preliminar, a avaliação é de que pode haver possibilidade de aumento de embarques de carne suína tanto para o México quanto para o Canadá, até então fornecidas pelos Estados Unidos, em eventual movimento de resposta destes países às tarifas norte-americanas. O Brasil pode se beneficiar também com eventual alta de exportações de suco de laranja e de café para o Canadá. Até o momento, o governo brasileiro não vê sinais quanto à imposição de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Mas segue em "monitoramento contínuo”. Neste caso, a preocupação recai sobretudo sobre exportações de café e da carne bovina brasileira.
Segundo a XP Research, a guerra tarifária iniciada pelos Estados Unidos contra China, México e Canadá deve aumentar a volatilidade nos mercados agrícolas, especialmente na soja e no milho. A resposta chinesa às tarifas norte-americanas ainda é incerta, mas caso envolva retaliação ao setor agrícola dos Estados Unidos, pode pressionar ainda mais as cotações da soja na Bolsa de Chicago e sustentar os preços no Brasil. As tarifas de 10% impostas pelos Estados Unidos à China e de 25% sobre México e Canadá elevaram a incerteza no mercado de grãos. A China está em feriado nacional, mas qualquer medida retaliatória deve ser baixista para a Bolsa de Chicago.
No milho, o México deve ultrapassar China e União Europeia e se tornar o maior importador global do cereal na safra 2024/2025, com 24 milhões de toneladas compradas no período. O país já anunciou que retaliará os Estados Unidos, mas sem especificar quais produtos serão afetados. Caso o milho esteja entre os alvos, uma demanda adicional pode migrar para o Brasil, que já tem competitividade para atender a esse mercado. No setor de proteínas, a atenção é para o impacto das tarifas norte-americanas sobre os fluxos comerciais de carne. O México é hoje o maior importador global de carne suína e o segundo maior de carne de frango, com quase 90% do volume vindo dos Estados Unidos. Dependendo dos produtos incluídos na retaliação mexicana, o Brasil pode ser beneficiado com novos mercados.
No mercado sucroenergético, as mudanças regulatórias na Índia têm favorecido o consumo de etanol e sustentado os preços do açúcar. A produção de açúcar no país deve ser de 27,3 milhões de toneladas, queda de 14,7% ante a safra 2023/2024. O governo aumentou o preço do etanol comprado pelas distribuidoras, o que pode reduzir a oferta global de açúcar. A seca no Rio Grande do Sul segue reduzindo as estimativas para a safra de soja no Estado, adicionando suporte aos preços no mercado interno. Mais uma semana sem chuvas relevantes no Rio Grande do Sul interfere na produtividade e pode restringir a oferta de grãos no Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.