04/Feb/2025
O Brasil acompanha os desdobramentos da política tarifária de Donald Trump sem novas sinalizações sobre uma eventual imposição de sobretaxas em produtos brasileiros. Embora no ano passado Donald Trump tenha citado nominalmente o Brasil entre os países que "cobram muito" sobre as vendas norte-americanas, até o momento a estratégia do republicano indica que ele priorizou mirar nações com quem os Estados Unidos arcam com déficit comercial. Como os Estados Unidos vendem mais do que compram daqui, integrantes do governo brasileiro têm argumentado desde o ano passado que o País não deveria ser alvo preferencial de Trump. No fim de semana, Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá, México e uma adicional de 10% sobre a China a partir desta terça-feira (04/02).
Nesta segunda-feira (03/02), contudo, Trump já anunciou uma pausa no tarifaço sobre o México após conversar com a presidente do país, Claudia Sheinbaum. O movimento confirma mais uma vez a política da barganha que deve prevalecer sob a nova presidência norte-americana. Por isso, a avaliação é de que o Brasil deve ser cauteloso sobre os próximos passos do republicano. Especialistas apontam que o melhor para o governo brasileiro é adotar a discrição e procurar não ser "lembrado" por Trump, que explora momentos de instabilidade para conseguir o que quer dos países. Até mesmo porque o tarifaço não irá resolver o déficit comercial que os Estados Unidos guarda com Canadá, México, China e União Europeia, essa última ainda sob a zona da ameaça, sem medidas concretas impostas.
As sobretaxas terão consequências predominantemente negativas para os Estados Unidos, com alta da inflação e prejuízos para a indústria. Ou seja, não irão resolver o déficit estrutural dos Estados Unidos. No caso do Brasil, a balança comercial não deve ser um problema nem servir de justificativa para Trump aumentar as tarifas sobre o País, já que os brasileiros mais compram dos norte-americanos do que exportam. Em 2024, por exemplo, o Brasil registrou déficit de cerca de R$ 250 milhões nas trocas comerciais com os Estados Unidos. Donald Trump já reclamou, por sua vez, que o Brasil cobra muito sobre as vendas dos Estados Unidos e que, por isso, poderia devolver o tratamento sobretaxando as importações brasileiras.
Mas, o governo brasileiro também tem argumentos para afastar essa tese. Embora o Brasil imponha um imposto de importação médio de 11,2% sobre os produtos que chegam do exterior, enquanto nos Estados Unidos esse patamar é de 3,3%, o que desembarca dos Estados Unidos no Brasil é com frequência tributado abaixo da média ou sem nenhum imposto em função do perfil das compras. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lembrou que, na prática, produtos muito relevantes para o Brasil no mercado norte-americano têm tarifas altas, como é o caso do açúcar, da carne bovina e do aço. Enquanto isso, quase todo o segmento de eletrônicos que desembarca no Brasil praticamente não tem tributação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.