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04/Feb/2025

Inflação de serviços entra no foco do Banco Central

A inflação de alimentos deve continuar incomodando os brasileiros no curto prazo, mas a escalada de preços dos serviços e de bens industriais, ainda em razão do repasse da alta do câmbio, é o principal foco de preocupação da inflação para este ano, sobretudo do Banco Central (BC). Tanto é que o Comitê de Política Monetária (Copom) acaba de elevar a taxa básica de juros em 1%, para 13,25% ao ano, a fim de esfriar a atividade e segurar a expectativa de inflação, que deu um salto na última semana. De acordo com o mais recente boletim Focus, o mercado projeta que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano atinja 5,5%, ou seja, 1% acima da meta, e muito acima da inflação de 5,08% projetada para 2025 na semana anterior.

Um estudo com base nos resultados do IPCA-15 (a prévia da inflação) para identificar a variação dos núcleos de inflação, indicadores de tendência, mostra que serviços e bens industriais são grupos de preços que registraram aumentos nos últimos 12 meses até janeiro em relação ao acumulado até dezembro 2024. De acordo com o estudo da Lifetime Gestora de Recursos, em 12 meses até janeiro 2025, o núcleo da inflação de serviços acumulou alta de 5,45%, um aumento de mais de um ponto porcentual em relação ao acumulado até dezembro pelo mesmo indicador (4,44%). Outro grupo que segue pressionado é o de bens industriais em razão do repasse defasado da alta do câmbio. Até janeiro, o núcleo de bens industriais (aqueles que se destinam à produção de outros bens ou à prestação de serviços) acumulavam variação de 2,93% ante 2,59% até dezembro.

A inflação da alimentação no domicílio, embora em nível elevados e bem acima do teto da meta (4,5%), o núcleo aponta desaceleração. Até janeiro, o acumulado em 12 meses está em 7,76%, um ponto porcentual abaixo do acumulado até dezembro de 2024 (8,76%). Diferentemente dos preços dos alimentos que sobem e descem, por conta da oferta e da demanda, os preços dos serviços provocam mais estragos porque são difíceis de recuar. A inflação de serviços sobe e não volta. A LCA 4 Intelligence cita como outro exemplo de indexação dos serviços o que ocorre com as despesas de educação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) é o principal indexador do custo da mão de obra na educação. O indicador encerrou o ano passado com aumento de 4,8%, portanto 1% acima do registrado em 2023. Além de sofrer influência de outros preços, como tarifas de transporte, aluguel, o comportamento do mercado de trabalho tem um peso relevante nos serviços, porque é um setor que usa muita mão de obra.

Teve um movimento muito robusto do mercado de trabalho em 2024. O desemprego encerrou 2024 na mínima histórica de 6,6%, e a massa de rendimentos atingiu R$ 328,6 bilhões. É o maior nível da série iniciada em 2012, com alta real de 6,5% na massa de rendimentos ante 2023, segundo o IBGE. Para este ano, a taxa média de desemprego deve ser de 7,3%. Ainda será uma desocupação muito baixa. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o fortalecimento do emprego e da renda, o quadro fica mais favorável para que os reajustes de preços sejam aceitos pelo consumidor. Desemprego baixo aumenta a demanda. A maior parte da população é de baixa renda e tem pouca capacidade de poupança. Por isso, quando está com dinheiro na mão vai às compras, especialmente se a perspectiva é de novos aumentos de preços. A inflação de alimentos nos supermercados, que tem afetado o bolso do brasileiro e a popularidade do governo, começa a contaminar também o setor de serviços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.